Quem é a diretora cultural que forma 'gaúchos' em casas de carne nos EUA

Saiba como Selma Oliveira largou a hotelaria para se dedicar à rede Fogo de Chão

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São Paulo

Selma Oliveira estava no lugar certo e na hora exata. O endereço? Um hotel Marriott, em Dallas (EUA), onde era a gerente de plantão, nos idos de 1996. Na ocasião, foi chamada às pressas para socorrer três brasileiros que não falavam inglês e tinham feito reserva de um quarto com só uma cama de casal.

Logo, alojou adequadamente os empresários em apartamentos separados. Começou a prestar assistência a eles. Reservava restaurantes, alugava fitas em VHS, com gravações da novela "O Rei do Gado", da Globo, que o trio acompanhava. No pacote, aulas de inglês. Não demorou muito, largou a hotelaria e juntou-se ao grupo na implantação do Fogo de Chão —até então uma rede de churrascaria brasileira, da qual os três viajantes eram donos— em território gringo.

A executiva Selma Oliveira, diretora de cultura das churrascarias Fogo de Chão
A executiva Selma Oliveira, diretora de cultura das churrascarias Fogo de Chão - Adriano Vizoni/Folhapress

A primeira casa foi inaugurada em 19 de agosto de 1997. Naqueles tempos, a tradição do espeto corrido, famosa desde os anos 1960 no Sul do Brasil, conhecida também como rodízio de carne, era novidade em solo estrangeiro. Para tal empreitada, 12 garotos foram "exportados" do interior do Rio Grande do Sul para o novo empreendimento gringo. Todos devidamente vestidos de botas, bombachas e lenço no pescoço. "Os meninos representavam a cultura gaúcha", conta.

"Tinham saído da roça, nunca tinham viajado de avião. Aprenderam a se virar, trabalharam bastante e muitos deles viraram empresários." Selma ajudava a tirar documentos, a organizar moradias e ensinava
a língua local para a gurizada.

Ajudou a marca, nascida em 1979 em Porto Alegre, a virar um império do churrasco —em 2011, a rede passou para as mãos dos americanos. Coraçãozinho de frango, ingrediente apreciadíssimo por aqui, não colou por lá. Picanha é o corte nobre mais desejado em qualquer parte, explica essa paulistana que atua como diretora de cultura do Fogo de Chão. Hoje, são 87 unidades, 68 nos EUA e 8 delas no Brasil, além de filiais em Porto Rico, México, Bolívia e Oriente Médio.

Soma cerca de 10 mil colaboradores. "Eu me casei aos 19 anos, tive quatro filhas. Nunca tinha criado homem, mas ajudei a formar centenas deles. Incorporei essa figura materna, protetora", afirma.

Selma mora com a família desde 1985 nos EUA. Diz ter herdado esse dom de incentivar talentos de sua mãe, Eulila, uma professora de piano e regente de coral. A matriarca recorria à música e ao canto como forma de agraciar os cinco filhos.

No sobrado da família, em Pinheiros, lembra que, desde menininha, amadureceu num ambiente de acolhimento. Apesar de tantos "gaúchos" espalhados mundo afora a conhecerem como dona Selma, ela, que completou 67 anos recentemente, carrega também o nome da mãe, Eulila.

Fogo de Chão 
R. Augusta, 2.077, Cerqueira César, região oeste, tel. (11) 3062-2223, @fogodechaobr

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