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Sinais de alerta

É com perplexidade que se observa o aumento recém-medido na taxa de mortalidade infantil

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Moradora do município de Pojuca (BA), Milena Santos Nascimento, 19, perdeu a primeira filha, Luna, de 1 ano e 2 meses, em abril deste ano, vítima de uma pneumonia bacteriana
Moradora do município de Pojuca (BA), Milena Santos Nascimento, 19, perdeu a primeira filha, Luna, de 1 ano e 2 meses, em abril deste ano, vítima de uma pneumonia bacteriana - Márcio Lima/Folhapress

A taxa de mortalidade infantil está entre os indicadores mais básicos do grau de desenvolvimento de uma sociedade, sendo quase inconcebíveis tendências de piora em sua evolução. É com perplexidade, pois, que se observa o aumento recém-medido no Brasil.

Conforme noticiou esta Folha, dados reunidos pelo Ministério da Saúde apontam que o número de mortes de crianças de até um ano de idade chegou, em 2016, a 14 para cada mil nascidas vivas. Trata-se de elevação de 5% sobre os 13,3 apurados no ano anterior.

Não há registro de outra alta nas estatísticas padronizadas que têm início em 1990 —quando a taxa chegava a 47,1 a cada mil. Ainda que insatisfatório, o progresso do Brasil nessa seara vem de longa data: a cifra rondava assustadores 150 no censo do IBGE em 1940.

Infelizmente, são precárias até o momento as explicações para o triste retrocesso do ano retrasado. Na área técnica do governo, menciona-se a epidemia do vírus da zika, que levou à redução do número de nascimentos e a mais mortes por malformações graves.

Outro fator seria a brutal recessão econômica do período 2014-16, com impactos negativos sobre a renda das famílias, a arrecadação tributária e as políticas públicas. Recorde-se que a crise também figurou entre as causas hipotéticas para a queda dos índices de vacinação nos últimos anos.

Houve algum corte, de fato, nas despesas federais em saúde em 2015 e 2017, o que não parece suficiente para provocar efeitos tão visíveis e imediatos —seria necessário, claro, averiguar também o que ocorreu nos estados e municípios.

De todo modo, o país já contabilizou reduções expressivas da mortalidade infantil quando o gasto público era muito menor que o atual, graças a avanços no saneamento, na educação e na nutrição.

Menos mal que números preliminares indiquem a volta da melhora em 2017. Resta muito ainda para alcançar os países desenvolvidos em que as mortes de bebês a cada mil nascimentos se contam nos dedos de uma só mão.

editoriais@grupofolha.com.br

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