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Alexandre Munck

A luta é de todos nós

Brasil tem de rever como lida com pessoas com deficiência

Jovem caminha pelo Centro de Memória Dorina Nowill, em São Paulo
Jovem caminha pelo Centro de Memória Dorina Nowill, em São Paulo - Edson Lopes Jr. - 7.mar.13/Folhapress

Somos mais de 207 milhões de brasileiros, a sexta maior população do mundo. Mesmo em uma sociedade tão diversa, composta por diferentes culturas, etnias e perfis, uma parcela significativa de pessoas está em desvantagem social e ainda encontra grandes barreiras no exercício de sua cidadania.
 
Chamo a atenção neste espaço para alguns dados relevantes e que deveriam mudar a forma como toda a sociedade encara o seu dia a dia. Quase 24% da população, segundo dados do IBGE, possui algum tipo de deficiência. Isso corresponde a mais de 45 milhões de brasileiros. Destes, mais de 6,5 milhões são cegos ou têm baixa visão.
 
Ficou surpreso com esse número? Então, tente dizer quantas pessoas com deficiência, seja visual, auditiva, motora ou intelectual você encontra nos espaços de cultura, educação, lazer e trabalho que frequenta?

No dia 21 de setembro celebramos o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A data destaca o cidadão com deficiência como sujeito de direitos e de responsabilidades e reforça o debate social sobre a importância da inclusão.
 
E o seu papel é fundamental para que a inclusão, de fato, aconteça. Saber reconhecer o outro, suas necessidades e, especialmente, os seus direitos é o caminho para que a sociedade seja verdadeiramente inclusiva.
 
A pessoa com deficiência no século 21 é ativa economicamente, trabalha, estuda, cuida da sua casa, da família, participa de atividades culturais e de lazer. Entretanto, é urgente e necessário que as barreiras existentes nos espaços físicos, no transporte, na informação, na comunicação e nos serviços sejam quebradas.
 
A idealizadora da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Dorina de Gouvêa Nowill (1919 - 2010), é um exemplo de como a luta das pessoas com deficiência viabiliza a transformação da vida de milhões de cidadãos. E suas ações perduram.
 
Em uma época com pouco ou nenhum acesso, ela esteve à frente de avanços importantes, como a inclusão de pessoas cegas no ensino regular, a produção e distribuição de livros acessíveis, além da inauguração de um serviço de reabilitação pessoal e profissional. Trabalho realizado há 72 anos pela Fundação e que segue em expansão com cerca de 24 mil atendimentos a pessoas com deficiência visual e suas famílias.
 
Estamos conscientes de que hoje não é o limite individual que determina a deficiência, mas sim a falta de acessibilidade do meio em que as pessoas estão inseridas, como sinaliza a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU).
 
Dessa forma, é totalmente possível que todos nós, enquanto membros da sociedade, participemos das mudanças necessárias para proporcionar o acesso e as oportunidades às pessoas com deficiência. Seja por meio de trabalho voluntário, apoio financeiro às instituições que trabalham pela autonomia das pessoas com deficiência ou em mudanças simples no seu dia a dia, nas nossas ações.

Essa é uma luta diária e que pertence a todos nós!

Alexandre Munck

Superintendente da Fundação Dorina Nowill para Cegos e mestre em Gestão da Sustentabilidade Corporativa pela Cranfield University School of Management (Reino Unido)

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