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Gol contra

Futebol continua sofrendo com a falta de visão gerencial de grande parcela de seus dirigentes

Atacante Gabriel comemora gol contra o Vasco pelo Brasileiro
O atacante Gabriel comemora gol do Santos contra o Vasco - Ivan Storti/Divulgação/Santos

No sábado (1º), as equipes de futebol do Vasco da Gama e do Santos enfrentaram-se em partida referente ao segundo turno do Campeonato Brasileiro. O aspecto esdrúxulo do confronto reside no fato de que os dois times não haviam ainda disputado o jogo válido pelo primeiro turno da competição.

O motivo da suspensão da contenda anterior, originalmente marcada para o final de abril, foi uma coincidência de datas com a Copa Libertadores, o mais importante torneio continental. Diante do impasse, a Confederação Brasileira de Futebol se viu forçada a buscar outra ocasião para o clássico.

O episódio é apenas mais um exemplo da falta de planejamento que há décadas se observa no esporte mais popular do país.

Apesar de alguns avanços nos últimos anos, a atividade continua sofrendo com a falta de visão gerencial de grande parcela de seus dirigentes, ainda incapazes de reproduzir padrões organizacionais mais eficientes, como os adotados na Europa globalizada e bilionária.

É desanimador constatar que a CBF e seus filiados falham em aspectos primários, como estabelecer um calendário que assegure a qualidade dos torneios, coadune-se com os eventos internacionais e evite transformar a rotina dos clubes numa maratona de disputas.

No Brasil se desrespeitam até mesmo datas previamente reservadas pela Fifa, a entidade máxima da categoria, para jogos de seleções. É o que se observa mais uma vez com a definição das primeiras partidas das semifinais da Copa do Brasil, em paralelo a amistosos que serão disputados nos EUA pela seleção brasileira.

A CBF contribui assim para descaracterizar um evento que tem procurado, em tese, valorizar —a Copa do Brasil se tornou recentemente a competição que mais bem remunera seus vencedores.

Os efeitos negativos atingem os times participantes que se viram constrangidos a ceder atletas para o selecionado, os torcedores e a estrutura de negócios do esporte —veículos de comunicação, patrocinadores e anunciantes.

As discussões e queixas sobre o calendário atropelado não datam de hoje. Uma das hipóteses que há tempos se levanta é adequá-lo à agenda europeia, com férias no meio do ano e breve interrupção para as festas de dezembro. A alternativa enfrenta resistências, mas merece ser considerada.

Entende-se que disparidades econômicas levem ao êxodo inexorável dos melhores jogadores do país. Inaceitável é que nem se faça o que está ao alcance para aprimorar a qualidade do futebol nacional.

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