As escolhas para os prêmios Nobel de ciências naturais deste ano não suscitaram, até o momento, nenhum tipo de estranhamento ou crítica. Consagraram-se áreas de pesquisa amplamente reconhecidas; ademais, houve um equilíbrio maior de gênero nas láureas.
Ressalta das premiações que o principal ganhador da atual temporada de anúncios foram as imunoterapias. Estratégias que promovem o recrutamento do sistema de defesa do organismo para combater doenças foram destacadas nas áreas de medicina e química.
No primeiro caso, a escolha recaiu sobre o americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo.
Ambos investigaram, de forma independente, proteínas do intricado sistema imune que atuam como freios, regulando o ataque promovido por células de defesa contra inimigos como microrganismos invasores ou células tumorais.
Suas descobertas engenhosas permitiram destravar tais freios, de modo a intensificar a reação do organismo. Assim se agregaram novas armas ao arsenal contra o câncer, ao lado de quimioterapia, radioterapia e transplantes de medula, entre outras.
Metade do prêmio de química se destinou a um setor correlato de estudos. Essa parcela coube ao americano George P. Smith e ao britânico Gregory P. Winter.
Smith criou uma técnica elegante ao utilizar vírus que infectam bactérias com o intuito de desenvolver proteínas. Winter empregou a metodologia de Smith para a produção de novos anticorpos e medicamentos. O primeiro deles surgiu em 2002 para tratar certas doenças autoimunes.
A outra metade do galardão de química ficou com a americana Frances H. Arnold. Quinta mulher premiada na área, ela se dedicou a direcionar a evolução de moléculas biológicas de largo uso nas indústrias química e farmacêutica, mas de tipo diverso, as enzimas.
Outra distinguida com um Nobel neste ano foi a canadense Donna Strickland. Terceira mulher premiada na categoria de física, trabalhou com pulsos ultrarrápidos de luz de alta intensidade para lasers e dividirá a honraria com o francês Gérard Mourou.
Também foi contemplado o americano Arthur Ashkin, que partiu de lasers para criar as chamadas pinças ópticas e aplicá-las na investigação de sistemas biológicos.
Uma característica comum a todos os Nobel científicos de 2018 são as aplicações práticas na medicina e na indústria, tendência que parece acentuar-se ao longo do tempo.
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