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O que a Folha pensa mercado de trabalho

Perda de ritmo

Perspectiva para o emprego reforça necessidade de ajustar contas para baixar juros

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Fila para o mutirão do emprego do Sindicato dos Comerciários, em São Paulo (SP) - Zanone Fraissat - 1.ago.23/Folhapress

O ritmo de geração de vagas e queda na desocupação neste ano indica, até aqui, que a situação do mercado de trabalho não é negativa. O quadro, no entanto, pode ser menos promissor adiante, com a esperada perda de vigor da economia.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, a taxa de desemprego fechou o terceiro trimestre em 7,7%, uma queda relevante frente à observada no mesmo período de 2022 (8,7%).

Enquanto isso, ainda persiste certa retomada dos rendimentos, que crescem 4,2% na comparação com igual período do ano passado. A massa de renda, que multiplica os salários pela população ocupada, do mesmo modo, expandiu-se 5%.

Mas os dados mascaram uma situação menos exuberante. A criação de novos postos de trabalho perdeu ritmo no trimestre, depois de longo período de dinamismo.

A geração de vagas formais ainda é positiva, pouco acima de 200 mil postos mensais em agosto e setembro —o que se traduz em menos de 100 mil quando considerada a sazonalidade. Mas a velocidade em relação a 2022 é bem menor.

Ao mesmo tempo, a taxa de participação na força de trabalho ainda se encontra em nível inferior ao que vigorava antes da pandemia —61,8%, ante 63,8%. Em outras palavras, se o contingente todo de trabalhadores inativos voltasse a procurar emprego, a taxa de desocupação seria próxima a 10%.

Ainda há, em tese, grande subutilização de mão de obra, o que poderia facilitar a continuidade do crescimento não inflacionário da economia. As razões para a baixa participação, por outro lado, podem incluir a expansão de programas de renda básica, que elevam o salário de referência.

De todo modo, a economia parece perder ritmo, algo que em breve deverá atingir o trabalho. Dados preliminares, como a sondagem de serviços, sugerem retração no PIB do terceiro trimestre, passado o impacto da safra recorde.

A arrecadação de impostos mostra estagnação, com a queda real de 0,34% em setembro, ante o mesmo mês de 2022. Trata-se da quarta baixa consecutiva, o que recomenda prudência na gestão dos gastos ainda não vista até aqui.

Tudo isso deveria nortear o governo a reforçar o ajuste fiscal e manter compromisso com a meta de restaurar saldos positivos nas contas. Seria, assim, facilitada a aceleração na queda dos juros, ação mais eficaz para evitar um quadro social e econômico adverso.

editoriais@grupofolha.com.br

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