O aparelhamento político e ideológico de conselhos regionais e do Conselho Federal de Medicina (CFM) tem dificultado o registro de denúncias contra médicos que adotam comportamentos antiéticos.

O Café da Manhã encontrou registros de maus-tratos e negligência a pacientes por motivação política, além de relatos de desqualificação da ciência. Médicos ouvidos se queixam da falta de respaldo dos conselhos médicos, que deveriam fiscalizar e regular o setor, e acusam essas instituições de endossar diretrizes que batem de frente com os códigos de ética da categoria.

A radicalização de médicos é um tema que ganhou força nos debates sobre bioética no Brasil, principalmente com a pandemia, quando o encontro do jaleco com a política ficou evidente. Entre os casos notórios de comportamentos antiéticos endossados pelo CFM, está a diretriz que permitiu o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, apesar de evidências científicas mostrarem a ineficácia dos medicamentos contra a doença. Médicos e bioeticistas ouvidos pela reportagem também apontam um respaldo corporativista a condutas hostis aos pacientes.

O CFM afirma que os médicos são orientados a expressar respeito aos pacientes em todas as circunstâncias. E que, em caso de atendimentos eletivos, médico e paciente têm o direito de optar por não estabelecer vínculo. Nesse caso, segundo o Conselho, o profissional deve manter o cuidado do paciente até que ele encontre outro médico que o acompanhe.

O Café da Manhã desta sexta-feira (9) mostra como a radicalização no consultório médico afeta a vida de pacientes e discute os limites éticos para o posicionamento político desses profissionais da saúde.

O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.

O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelas jornalistas Gabriela Mayer e Magê Flores, com produção de Laila Mouallem e Carolina Moraes e edição de som de Thomé Granemann.