Obstrução de artéria é mais comum do que se pensa, dizem especialistas

RENAN MARRA
DE SÃO PAULO

A obstrução parcial de uma artéria coronária é mais comum do que se imagina, segundo médicos especialistas ouvidos pela Folha.

Em um grupo de 100 pessoas com mais de 65 anos, um total de 20 a 30 tem algum tipo de doença coronária, que atinge uma artéria do coração e pode levar a um ataque cardíaco.

Nesta quarta (11), a Folha apurou que o presidente Michel Temer, 77, com obstrução parcial de uma artéria coronária, faz parte dessa estatística. De acordo com o Planalto, ele não deve passar por procedimento cirúrgico.

É o que acontece com a maior parte das pessoas que têm a doença. Elas continuam exercendo suas atividades, com o uso de medicamentos ou não.

A idade do presidente é um dos fatores que o colocam em um grupo de risco, com maior possibilidade de adquirir a doença, que atinge principalmente idosos. Além da faixa etária, o stress, o sedentarismo, a pressão alta e a diabetes são outros fatores que aumentam a probabilidade da doença.

Apesar de não ser raro, o paciente deve ficar atento. A obstrução total da artéria leva ao infarto, sendo essa uma das principais causas de morte no Brasil.

"Hoje em dia as pessoas morrem por duas causas principais: ou doenças cardiovasculares ou o câncer. Acidentes, por exemplo, são menos", diz o cardiologista e e especialista em infarto agudo do miocárdio do HCor (Hospital do Coração) Leopoldo Piegas.

Segundo ele, a obstrução acontece quando uma espécie de placa de gordura se acumula, formando coágulos que dificultam a circulação sanguínea.

A depender do tamanho dessas placas, o paciente sequer apresenta sintomas. Conforme esses coágulos crescem, o paciente pode passar a sentir dores no peito quando aumenta o seu consumo de oxigênio.

O melhor tratamento é a mudança de hábito, com a alimentação saudável e a prática de exercícios regulares. Quando a doença atinge nível mais avançado, é necessário o uso de medicamentos que reduzem o colesterol ou alteram a coagulação do sangue.

Segundo o vice-presidente do cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, o cardiologista Marcos Knobel, são poucas as pessoas que têm acesso a exames para detectar a obstrução parcial de artérias, como uma tomografia coronália.

"Tem muita gente andando por aí com essas artérias quase que totalmente entupidas. As pessoas que vemos que têm condições de fazer o exame são a ponta do iceberg", diz Knobel. "[A obstrução parcial da artéria] é muito mais frequente do que imaginamos".

PROCEDIMENTOS INVASIVOS

Em casos extremos, há a necessidade de procedimentos invasivos, como o cateterismo. Nesse processo, há introdução de um tubo plástico de calibre milimétrico que alcança o coração para detectar regiões obstruídas. Se necessário, há a possibilidade de desobstrução, com a introdução de um balão que infla e deixa no local um stent –dispositivo que possibilita melhor circulação no sangue.

Há, ainda, a opção pela cirurgia, quando o médico faz um corte no tórax do paciente.

"O mais importante é fazer a prevenção para essas placas não crescerem e não se transformarem em uma doença obstrutiva", diz Knobel.

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress Coronária temer
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