Depois de sair do PSL, Livres cria associação ainda sem partido

Crédito: Mari Ghizellini/Livres/Divulgação
Paulo Gontijo, presidente interino do Livres, durante entrevista à imprensa

GÉSSICA BRANDINO
DE SÃO PAULO

Após deixar o PSL, o Livres anunciou na manhã desta segunda-feira (22) que seguirá sem legenda pelo menos até março. Para pulverizar candidaturas em diferentes siglas, o movimento criou a associação Livres. Estão no horizonte os partidos Novo, PPS, Podemos e Rede. Os liberais também apresentaram propostas ao governador Geraldo Alckmin, mas ainda não articulam com o PSDB.

Criado há dois anos dentro do PSL, o Livres —que defende o liberalismo na economia e nos costumes— deixou o partido após a sigla anunciar que receberá o presidenciável Jair Bolsonaro.

"Se nosso objetivo fosse simplesmente eleger pessoas, seria mais vantajoso continuar na legenda", declarou o presidente nacional e interino do Livres, o empresário Paulo Gontijo.

Em entrevista à Folha, o presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE) afirmou que eram preconceituosas as críticas do Livres ao partido.

Gontijo afirma que a relação com o PSL "já é uma página virada", mas quem optar por continuar com o partido não fará mais parte do movimento.

Sobre Bolsonaro, ele declara que a decisão foi muito bem pensada e que as ideias do parlamentar são incompatíveis com o projeto que o movimento defende, dando como exemplo o apoio ao coronel Brilhante Ustra no voto do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"Debaixo da tentativa de criar um verniz de liberalismo, quando você desce um pouco da superfície você vê o velho intervencionismo estatista dos anos 70 e do ponto de vista das liberdades civis ele tem posturas absolutamente lenientes, com tortura e violação dos direitos humanos."

Apesar do encontro com Alckmin, o presidente interino declara que ainda não há consenso do movimento sobre apoio de candidaturas de presidenciáveis. Em relação ao julgamento de Lula, ele diz que o julgamento não tem que ser visto numa perspectiva política eleitoral, mas que "o Brasil está carente de justiça sendo cumprida".

ASSOCIAÇÃO

Até a vinda de Bolsonaro, Gontijo conta que a perspectiva era buscar eleger uma bancada de 15 deputados federais pelo PSL. Agora, ele afirma que o movimento refaz as contas e com a criação da própria associação criará um uma incubadora para formulação de políticas públicas e engajamento cívico, por meio da plataforma do movimento.

Há 14 bolsistas em formação pelo movimento Renova BR que serão pré-candidatos pelo Livres, diz o presidente, que cita nomes como Rodrigo Marinho e Alexandre Paiva e afirma o interesse em focar na disputa pelos cargos do legislativo, independentemente do partido.

"Estamos dispostos a contribuir com propostas de construção de políticas públicas para qualquer partido que queira ouvir nossas propostas", declara Gontijo.

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