Veja as provas que foram consideradas na condenação de Lula

ANA LUIZA ALBUQUERQUE
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
TATIANA HARADA
DE SÃO PAULO

A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em segunda instância, nesta quarta-feira (24), deixou algumas dúvidas. Lula será preso? Ele poderá concorrer à Presidência em outubro? Nas redes sociais, território das certezas, simpatizantes do ex-presidente afirmam categoricamente que o petista foi condenado sem provas. Do outro lado, opositores de Lula garantem que sobram registros de seu envolvimento em esquemas ilícitos. Afinal, quais provas levaram à sua condenação?

LULA
Ex-presidente foi condenado no ano passado a 9,5 anos de prisão por corrupção e lavagem pelo juiz Sergio Moro. Ele é acusado de receber vantagens da empreiteira OAS, como a reserva e reforma de um tríplex em Guarujá (SP). A decisão foi confirmada pelo TRF-4, e a pena, aumentada para 12 anos e 1 mês de prisão

A RASURA

Acusação

A mulher de Lula, Marisa, assinou em 2005 proposta de adesão para a aquisição de um apartamento em Guarujá. A imagem indica que sobre o número "174", referente ao tríplex, foi escrito "141". Um perito da PF analisou o documento e afirmou que a rasura foi realizada contemporaneamente ao preenchimento do restante da ficha

Crédito: TEM PROVA OU NÃO? A condenação de Lula em segunda instância deixou algumas dúvidas. Ele será preso? Poderá concorrer a presidência?

Defesa
Lula disse em depoimento desconhecer esse documento

RESERVA

Acusação

Duas planilhas apreendidas na sede da Bancoop indicam a situação em que estavam os cooperados responsáveis pelas unidades do empreendimento. Para cada apartamento, havia uma indicação sobre o titular ou a informação de que o apartamento estava "em estoque". Apenas o 174 tinha o status de "vaga reservada"

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Defesa
A defesa afirmou que Marisa adquiriu cotas de uma unidade no condomínio em 2005 e que desistiu da compra do imóvel posteriormente

DECLARAÇÃO FALSA

Acusação

A partir de 2009, Lula e Marisa declararam no IR cota do apartamento 141. Na declaração de 2015 (referente a 2014), o casal fez isso novamente. Mas, em abril de 2014, a OAS vendeu a unidade a uma terceira pessoa. O MPF diz que o casal deu informações falsas à Receita e fez lavagem de dinheiro

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MENSAGENS

Acusação

Em mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro, o ex-presidente da OAS fala com interlocutores em 2014 sobre projetos de reforma para o tríplex. Há referências como "chefe", "Fabio" (nome do filho de Lula) e "dama". Em um dos diálogos, Paulo Gordilho, ex-diretor da OAS, diz que "a visita foi tudo bem"

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Defesa

Lula disse desconhecer qualquer atuação da OAS a seu favor

VISITAS

Acusação

As visitas de Lula e Marisa ao imóvel também foram usadas como argumento. Segundo o MPF, eram acompanhamento de uma reforma personalizada. Entre outros indicativos do "envolvimento direto do ex-presidente na aquisição do bem", Moro indica o "fato de ter visitado o imóvel"

Crédito: TEM PROVA OU NÃO? A condenação de Lula em segunda instância deixou algumas dúvidas. Ele será preso? Poderá concorrer a presidência?
Visita feita por Lula ao tríplex com Roberto Moreira e Léo Pinheiro, da OAS

Defesa

O ex-presidente afirmou que não pediu reformas no tríplex a Léo Pinheiro

ATRASO

Acusação

Reportagem de "O Globo" de 2010, ou seja, anterior às investigações, dizia que a entrega do tríplex de Lula e Marisa estava atrasada. "Procurada, a Presidência confirmou que Lula continua proprietário do imóvel", afirmava trecho. "A matéria é bastante relevante do ponto de vista probatório", disse Moro

Defesa

Lula ingressou com ação indenizatória contra três jornalistas sob a alegação de que não se considerava dono do tríplex, mas perdeu em primeira e segunda instâncias

Crédito: Danilo Verpa/Folhapress GUARUJA - SP - 23.01.2018 - Edificio Solaris onde fica o tríplex atribuído ao ex-presidente Lula no Guaruja. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, PODER)
Prédio Solaris, em Guarujá (SP)

COMPROMISSO

Acusação

Foi apreendido na residência de Lula um "termo de adesão e compromisso de participação" que dizia respeito à unidade 174, correspondente ao tríplex, embora não estivesse assinado. O documento é citado na sentença da primeira instância

MUDANÇA

Acusação

Com a transferência do empreendimento para a OAS, os cooperados tiveram que optar, em 2009, por celebrar novos contratos de compromisso de compra e venda ou solicitar a restituição do dinheiro. Lula e Marisa não fizeram nenhuma opção. Foram pagas parcelas mensais entre 2005 e 2009, somando R$ 209 mil. O casal moveu uma ação de restituição de valores apenas em 2016. O MPF argumentou que Lula não optou por nenhuma alternativa porque o tríplex já estava reservado para ele

DESISTÊNCIA

Acusação

A OAS não reformou outros apartamentos no condomínio. "Se o presidente havia desistido da aquisição do apartamento, por que a OAS teria insistido em mobiliá-lo?", questionou Moro. O fato também foi citado pelos juízes federais do TRF-4

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