Temer deve sondar Beltrame para novo Ministério da Segurança Pública

Pesquisa do governo mostra que área é uma das principais preocupações da população

Brasília

O presidente Michel Temer sondará o ex-secretário estadual do Rio de Janeiro José Beltrame para o comando do novo Ministério da Segurança Pública.

 
O ex-secretário do Rio José Mariano Beltrame - Jorge Araujo - 19.mar.2015/Folhapress
Segundo a Folha apurou, o emedebista escalou auxiliares presidenciais para entrar em contato com Beltrame e saber da disposição dele de assumir a pasta, que deve ser criada até março.
 
A indicação conta com o apoio dos ministros palacianos e das bancadas carioca e gaúcha do MDB na Câmara dos Deputados.
 
Além de ser considerado um nome técnico e de prestígio na segurança pública, Beltrame é delegado aposentado da Polícia Federal, o que poderia reduzir a resistência da corporação com a proposta de sua transferência para a nova pasta.
 
O presidente também avalia o nome do ministro Raul Jungmann, mas tem esbarrado na dificuldade em encontrar um substituto para o comando da Defesa. O receio dele é de que uma troca possa causar um desconforto com as Forças Armadas.
 
A eventual escolha de Beltrame não agrada o líder da bancada da bala, Alberto Fraga (DEM-DF). Segundo ele, o ex-secretário "não deu conta do recado" com a questão da segurança pública no Rio de Janeiro.
 
"O nome dele está equivocado, não tem capacidade técnica para gerenciar um Ministério da Segurança Pública. O nome escolhido deveria ser da Polícia Militar ou da Polícia Civil", disse à Folha.
 
A informação de que o emedebista pretende criar a pasta foi antecipada pela Folha em janeiro e faz parte de estratégia do presidente de criar uma marca para seu governo na área de segurança pública.
 

Para tentar reduzir críticas sobre a criação de uma nova pasta, a ideia é que o novo ministério seja criado em caráter extraordinário, ou seja, com prazo de validade e seja extinto quando arrefecer a crise na segurança pública. O mesmo modelo foi adotado pelo ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

 
Segundo uma pesquisa interna, promovida pela direção nacional do MDB, o tema é um dos que mais preocupam os brasileiros para o processo eleitoral deste ano.

A ideia do presidente, que cogita disputar a reeleição neste ano caso melhore seus índices de aprovação, é de se antecipar ao pré-candidato do PSDB Geraldo Alckmin que já disse que criará a pasta caso seja eleito presidente.

A mesma pesquisa mostra que a reforma da Previdência é um dos assuntos que mais influenciam a desaprovação de Temer. A ideia é usar a pauta positiva da segurança para elevar os índices de aprovação do governo.

Em conversas reservadas, o emedebista já disse que decidiu anunciar a estrutura, que será responsável por um assunto hoje sob o controle do Ministério da Justiça, mas ainda pondera os impactos da iniciativa.

CUSTOS

Além da repercussão negativa pela criação de uma nova pasta, ele prevê que a estrutura terá maior impacto financeiro à máquina pública e trará para o governo federal a responsabilidade sobre um tema de esfera estadual.

A discussão sobre a nova pasta foi confirmada pelo ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo). Segundo ele, o presidente ainda avalia a necessidade de um novo ministério, mas diz que ainda é cedo para falar em nomes.

Pelo esboço feito pelo Palácio do Planalto, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal seriam deslocadas para a estrutura, assim como a Força Nacional.

Questionado sobre se uma mudança de estrutura da PF em meio à Lava Jato não poderia trazer mais problemas para o governo, Marun negou: “Quando eu vejo cenas que eu assisti pela televisão eu penso que esta questão de onde a PF vai estar é de segundo plano.”

No esforço de criar uma marca sobre o tema, o presidente se envolveu pessoalmente nesta semana na crise dos refugiados venezuelanos e tem priorizado um pacote legislativo de medidas de segurança pública. 

Elas preveem, por exemplo, o aumento de penas de crimes de alta periculosidade e da progressão penal para crimes graves, além do monitoramento de conversas de chefes de facção em presídios federais.

A pauta tem o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), mas, em ano eleitoral, deve ter dificuldades para ser aprovada.

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