O presidente Michel Temer sondará o ex-secretário estadual do Rio de Janeiro José Beltrame para o comando do novo Ministério da Segurança Pública.
Para tentar reduzir críticas sobre a criação de uma nova pasta, a ideia é que o novo ministério seja criado em caráter extraordinário, ou seja, com prazo de validade e seja extinto quando arrefecer a crise na segurança pública. O mesmo modelo foi adotado pelo ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
A ideia do presidente, que cogita disputar a reeleição neste ano caso melhore seus índices de aprovação, é de se antecipar ao pré-candidato do PSDB Geraldo Alckmin que já disse que criará a pasta caso seja eleito presidente.
A mesma pesquisa mostra que a reforma da Previdência é um dos assuntos que mais influenciam a desaprovação de Temer. A ideia é usar a pauta positiva da segurança para elevar os índices de aprovação do governo.
Em conversas reservadas, o emedebista já disse que decidiu anunciar a estrutura, que será responsável por um assunto hoje sob o controle do Ministério da Justiça, mas ainda pondera os impactos da iniciativa.
CUSTOS
Além da repercussão negativa pela criação de uma nova pasta, ele prevê que a estrutura terá maior impacto financeiro à máquina pública e trará para o governo federal a responsabilidade sobre um tema de esfera estadual.
A discussão sobre a nova pasta foi confirmada pelo ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo). Segundo ele, o presidente ainda avalia a necessidade de um novo ministério, mas diz que ainda é cedo para falar em nomes.
Pelo esboço feito pelo Palácio do Planalto, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal seriam deslocadas para a estrutura, assim como a Força Nacional.
Questionado sobre se uma mudança de estrutura da PF em meio à Lava Jato não poderia trazer mais problemas para o governo, Marun negou: “Quando eu vejo cenas que eu assisti pela televisão eu penso que esta questão de onde a PF vai estar é de segundo plano.”
No esforço de criar uma marca sobre o tema, o presidente se envolveu pessoalmente nesta semana na crise dos refugiados venezuelanos e tem priorizado um pacote legislativo de medidas de segurança pública.
Elas preveem, por exemplo, o aumento de penas de crimes de alta periculosidade e da progressão penal para crimes graves, além do monitoramento de conversas de chefes de facção em presídios federais.
A pauta tem o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), mas, em ano eleitoral, deve ter dificuldades para ser aprovada.
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