Novo diretor da PF diz que Lava Jato 'continua forte' e promete reforço

Ele disse que reforçará grupo que trata de inquéritos sobre políticos que tramitam no STF 

Rubens Valente Camila Mattoso
Brasília

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, afirmou em seu discurso de posse nesta sexta-feira (2) que a Operação Lava Jato “continua forte” e reafirmou compromisso de “reforçar a equipe do Ginq”, o grupo que trata de inquéritos sobre políticos que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ex-número dois da gestão do diretor-geral Leandro Daiello (2011-2017), Galloro substituiu o delegado Fernando Segovia nesta terça-feira (27), por decisão do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e com apoio do presidente Michel Temer. Foi a primeira medida tomada pelo novo ministro.

O novo diretor-geral da PF, Rogério Galloro
O novo diretor-geral da PF, Rogério Galloro - Pedro Ladeira/Folhapress

Em um discurso protocolar, Galloro apontou a necessidade de cooperação entre órgãos de segurança pública, renovação dos quadros da PF por meio de concursos e equipamentos tecnológicos. “O crime não vencerá.” Galloro disse que estava ciente “do tamanho do compromisso” que assumia ao tomar posse no cargo, que demandaria “dedicação, fidelidade constitucional e principalmente coragem”.

 

Logo após o final da fila de cumprimentos, Galloro deixou o salão sem falar com a imprensa. Cena muito diferente da posse de Fernando Segovia, quando o então diretor concedeu uma entrevista no ministério no dia da posse, em novembro. Nessa entrevista, ele deu a primeira de uma série de declarações que lhe trouxeram complicações internas e externas, ao minimizar a apreensão da mala com R$ 500 mil apreendida com um aliado de Temer, Rodrigo Loures (MDB-PR).

No discurso, Galloro falou em cautela. "Quem chega tem pouco a dizer: precisa antes ouvir e aprender —e isso é sobretudo mais rigoroso em se tratando de uma instituição como a Polícia Federal. Ouvir o superior hierárquico, os pares e em especial os servidores da Polícia Federal", discursou o novo diretor.

Galloro cumprimentou o ex-diretor Daiello. “Fiz parte de toda a gestão [de Daiello], estive presente em momentos difíceis e em momentos de conquistas: nas indicações de chefias, nas decisões estratégicas do Conselho Superior de Polícia e também na Operação Lava Jato, inclusive na criação da Coordenadoria Geral de Combate à Corrupção.” Ao final do discurso, disse que “nós da Polícia Federal temos o sentido da missão que nos cabe e não desistiremos jamais de cumpri-la”.

A posse de Galloro ocorreu no salão negro do Ministério da Justiça, no qual está funcionando provisoriamente o novo Ministério Extraordinário da Segurança Pública, criado nesta semana pelo presidente Michel Temer. À posse compareceram os ministros Jungmann e Torquato Jardim (Justiça) e Herman Benjamin, do STJ (Superior Tribunal de Justiça). O ex-diretor-geral Leandro Daiello também foi à posse,

Em seu discurso, Fernando Segovia cumprimentou Galloro e Jungmann e disse que o “alto grau de maturidade e profissionalismo” na PF “garantirão nosso futuro”. “Contrariamente aos que pregam o caos e o enfraquecimento da PF, temos certeza de que continuamos cada vez mais fortes e independentes.”

Segovia não fez referência direta à sua saída, mencionando apenas que durante sua gestão seus amigos e familiares ficaram “torcendo e sofrendo, cada uma das minhas alegrias e tristezas”. Em relação ao ministro Torquato Jardim, Segovia rechaçou a noção de que ele não tinha um bom relacionamento com o ministro. “Ao contrário do que a imprensa e algumas pessoas pensam,a sempre nos demos muito bem”, disse Segovia.

O ex-diretor agradeceu o apoio de todos os policiais federais. “Sem vocês, a Polícia Federal não é nada”. Ao final do discurso, Segovia disse, em latim, que “a sorte está lançada”.

Em seu curto discurso, Jardim disse para Segovia que “nosso trabalho em conjunto foi profícuo”.

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