A Polícia Federal deflagrou nesta quinta (5) mais uma fase da Operação Registro Espúrio, que mira esquema de fraudes e corrupção no Ministério do Trabalho. Segundo pessoas com acesso às investigações, entre os alvos estão o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP) e o ministro do Trabalho, Helton Yomura, que teve afastamento determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Os agentes da PF cumprem dez mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária, expedidos pelo STF, em Brasília e no Rio de Janeiro.
Também foram impostas restrições aos investigados de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com os demais alvos da operação, além da suspensão do exercício do cargo.
Estão sendo feitas ações de busca e apreensão no gabinete de Marquezelli e de Yomura.
A operação apura suposta atuação de políticos na cobrança de propinas e de apoio político em troca da concessão de registros sindicais. O PTB e o Solidariedade, partidos que controlam o ministério, além de centrais sindicais estão no centro das apurações.
Segundo a PF, as investigações e o material coletado nas duas primeiras fases da Registro Espúrio indicam a participação de novos atores e apontam que “importantes cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo criminoso, permitindo a manutenção das ações ilícitas praticadas na pasta”.
Na segunda etapa da operação, a PF fez buscas no apartamento da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do presidente nacional do partido, Roberto Jefferson. Os dois são padrinhos políticos de Yomura.
OUTRO LADO
Em nota, os advogados de Yomura afirmam que ele "adotou rigorosas providências institucionais para a garantia do interesse público, podendo se destacar: exoneração imediata de todos os servidores sob investigação, abertura de sindicância e processos administrativos para averiguação dos fatos e suspensão de todos os atos que pudessem provocar repercussões no âmbito da investigação".
"Quanto à suspensão de suas funções no Ministério do Trabalho, todas as medidas jurídicas serão tomadas para possibilitar à turma do STF se manifestar sobre tal importante tema. Neste sentido, foi em razão do entendimento do próprio ministro Edson Fachin que foram encaminhados para o plenário do Supremo casos de grande repercussão", diz a defesa.
"Tendo a certeza de não ter cometido nenhum ato ilícito e que suas ações correspondem a uma política de valorização dos trabalhadores e das instituições, o ministro Helton Yomura, mesmo não sabendo de que atos está sendo acusado, nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade", afirma a nota.
O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) afirmou não ter atuação no ministério do Trabalho e disse que é normal estarem vistoriando seu gabinete.
“Eu tenho atuação no Ministério da Agricultura, da Saúde e do Esporte, no Trabalho não”, afirmou.
Ele disse ter chegado à Câmara às 6h e ter prestado depoimento aos policiais. “É porque o ministro do Trabalho é do PTB, então estão vistoriando o gabinete de todos os deputados, tranquilo”, disse ele, que é vice-líder da bancada do partido na Casa.
Sobre o mandado de prisão temporária expedido contra um de seus assessores, o parlamentar disse que o auxiliar está “prestando depoimento porque conhece muito essa área de sindicatos”, já que o teria ajudado na relatoria do marco regulatório dos caminhoneiros.
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