Ministro do Trabalho e deputado federal são alvos de operação que investiga fraudes

Nova fase da Operação Registro Espúrio apura suposta atuação de políticos na cobrança de propinas

Fábio Fabrini
Brasília

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta (5) mais uma fase da Operação Registro Espúrio, que mira esquema de fraudes e corrupção no Ministério do Trabalho. Segundo pessoas com acesso às investigações, entre os alvos estão o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP) e o ministro do Trabalho, Helton Yomura, que teve afastamento determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O ministro do Trabalho, Helton Yomura, que teve o afastamento determinado pelo STF nesta quinta
O ministro do Trabalho, Helton Yomura, que teve o afastamento determinado pelo STF nesta quinta - Divulgação

Os agentes da PF cumprem dez mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária, expedidos pelo STF, em Brasília e no Rio de Janeiro.

Também foram impostas restrições aos investigados de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com os demais alvos da operação, além da suspensão do exercício do cargo.

Estão sendo feitas ações de busca e apreensão no gabinete de Marquezelli e de Yomura.

A operação apura suposta atuação de políticos na cobrança de propinas e de apoio político em troca da concessão de registros sindicais. O PTB e o Solidariedade, partidos que controlam o ministério, além de centrais sindicais estão no centro das apurações.

Segundo a PF, as investigações e o material coletado nas duas primeiras fases da Registro Espúrio indicam a participação de novos atores e apontam que “importantes cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo criminoso, permitindo a manutenção das ações ilícitas praticadas na pasta”. 

Na segunda etapa da operação, a PF fez buscas no apartamento da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do presidente nacional do partido, Roberto Jefferson. Os dois são padrinhos políticos de Yomura. ​

O deputado federal Nélson Marquezelli durante reunião em Brasília
O deputado federal Nélson Marquezelli durante reunião em Brasília - Antonio Araujo /Câmara dos Deputados

OUTRO LADO

Em nota, os advogados de Yomura afirmam que ele "adotou rigorosas providências institucionais para a garantia do interesse público, podendo se destacar: exoneração imediata de todos os servidores sob investigação, abertura de sindicância e processos administrativos para averiguação dos fatos e suspensão de todos os atos que pudessem provocar repercussões no âmbito da investigação".

"Quanto à suspensão de suas funções no Ministério do Trabalho, todas as medidas jurídicas serão tomadas para possibilitar à turma do STF se manifestar sobre tal importante tema. Neste sentido, foi em razão do entendimento do próprio ministro Edson Fachin que foram encaminhados para o plenário do Supremo casos de grande repercussão", diz a defesa.

"Tendo a certeza de não ter cometido nenhum ato ilícito e que suas ações correspondem a uma política de valorização dos trabalhadores e das instituições, o ministro Helton Yomura, mesmo não sabendo de que atos está sendo acusado, nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade", afirma a nota.

O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) afirmou não ter atuação no ministério do Trabalho e disse que é normal estarem vistoriando seu gabinete. 

“Eu tenho atuação no Ministério da Agricultura, da Saúde e do Esporte, no Trabalho não”, afirmou.

Ele disse ter chegado à Câmara às 6h e ter prestado depoimento aos policiais. “É porque o ministro do Trabalho é do PTB, então estão vistoriando o gabinete de todos os deputados, tranquilo”, disse ele, que é vice-líder da bancada do partido na Casa. 

Sobre o mandado de prisão temporária expedido contra um de seus assessores, o parlamentar disse que o auxiliar está “prestando depoimento porque conhece muito essa área de sindicatos”, já que  o teria ajudado na relatoria do marco regulatório dos caminhoneiros.

Helton Yomura (centro) deixa a Superintendência da PF após depor nesta quinta (5)
Helton Yomura (centro) deixa a Superintendência da PF após depor nesta quinta (5) - Pedro Ladeira/Folhapress
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