Descrição de chapéu Eleições 2018

Duas pessoas são detidas em Campinas distribuindo panfletos de Haddad

Guarda Municipal diz que panfletavam era irregular; detidos dizem que estavam fora de terminal

Guilherme Botacini Úrsula Passos
São Paulo

Duas pessoas foram detidas entregando panfletos do candidato Fernando Haddad (PT) nesta terça (16), em Campinas.

Marcela Carbone, 26, formada em artes cênicas pela USP, e o estudante de economia da Unicamp João Pedro Buzalski, 20, estavam, segundo eles, nas proximidades do terminal de ônibus do centro da cidade paulista entregando panfletos de campanha do candidato petista quando foram abordados por dois guardas municipais.

Eles foram levados à delegacia de Polícia Federal da cidade, no bairro Botafogo, por crime eleitoral e desacato. Ali foram ouvidos e, no começo da noite, liberados.

A lei eleitoral configura como irregular a distribuição de panfletos com propaganda eleitoral em bens públicos ou de uso comum. 

Em comunicado, a PF diz que a Guarda Municipal de Campinas apresentou "duas pessoas que estariam realizando propaganda eleitoral irregular, no interior do Terminal Central da cidade".  Ainda segundo a PF, os guardas municipais informaram "que no momento em que convidaram tais pessoas a interromper a propaganda, foram desacatados".

Funcionários limpam entrada principal do prédio de faculdade em Brasília, onde vários santinhos de candidatos foram jogados durante o dia do primeiro turno de 2018 - Pedro Ladeira/Folhapress

​Carbone disse à Folha que o guarda municipal abordou os dois dizendo que eles não podiam panfletar ali, ao que ela respondeu que conheciam a legislação eleitoral e que estavam do lado de fora, em frente ao portão de entrada do local. 

O guarda teria insistido que aquilo era parte do terminal e que eles não podiam continuar. Carbone diz que questionou o policial onde aquilo estava escrito. Os dois lados passaram então a erguer a voz. O guarda em seguida chamou outros policiais e pediram para revistar sua mochila. Apreenderam os materiais de campanha e começaram a falar sobre levar os dois para delegacia. ​

Carbone diz que telefonou para a mãe e disse, chorando, que "a ditadura voltou", e que o guarda teria dito: "é isso mesmo, a ditadura voltou, graças a deus".

Segundo ela, depois de ter o material apreendido, ela e Buzalski começaram a falar para a aglomeração que se formou sobre as propostas de Haddad. Foi então que o guarda fez um telefonema e, em seguida, levou os dois à Polícia Federal, alegando crime eleitoral e desacato.  

Todos os envolvidos no caso foram ouvidos pela PF e liberados. O caso será agora encaminhado à Justiça Eleitoral.

Segundo o advogado Paulo Ricardo Aires, que acompanhou os detidos, houve arbitrariedade da Guarda Municipal e, por isso, vão fazer boletim de ocorrência por abuso de autoridade. Ele diz acreditar que o caso não vá seguir adiante.

A lei prevê multa de R$ 2.000 a R$ 8.000 para esse tipo de infração eleitoral.

Na última quarta (10), a Justiça Eleitoral do Paraná havia proibido uma reunião que aconteceria na quinta (11) na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, sobre casos de violência engendrados por disputas partidárias nestas eleições. 

O evento, que estava sendo divulgado nas redes sociais, foi considerado irregular pois haveria, segundo a decisão, propaganda eleitoral "em imóvel pertencente à administração pública indireta da União", o que é vetado pela lei.

Na segunda (15), o Diretório Central dos Estudantes, que organizava o evento, conseguiu uma liminar no TRE autorizando a reunião, que deve ocorrer na quinta (18). 

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.