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Eleições 2018

WhatsApp é vetor de fake news no Brasil; nos EUA, papel é do Facebook

App de troca de mensagens se popularizou no país devido à cobrança de SMS por operadoras

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São Paulo

Alguns fatores ajudam a explicar por que, nas eleições nos Estados Unidos, foi o Facebook a rede que se tornou vetor de notícias falsas e desinformação, enquanto no Brasil é o WhatsApp que desempenha papel similar.

O crescimento do WhatsApp no Brasil muito tem a ver com a cobrança unitária, por operadoras, pelo envio de SMS.

Em vez de pagar alguns centavos a cada mensagem enviada, o brasileiro paga alguns centavos pelos dados usados e envia milhares de recados no aplicativo de mensagens —isso se não tiver algum dos muitos pacotes, inclusive pré-pagos, em que o uso do WhatsApp é ilimitado.

Nos EUA, onde há muitos anos as empresas oferecem pacotes com SMS ilimitados, os apps de mensagens não "pegaram".

No entanto, os SMS são uma opção pobre para repassar fotos e vídeos, o pão e manteiga das campanhas políticas online —isso explica em parte o Facebook ser, nos EUA, o canal primordial para repassar e espalhar esse tipo de conteúdo. 

Outra questão é que, embora seja possível criar grupos de SMS, há limites de participantes (apenas dez, em algumas operadoras dos EUA) e a usabilidade é limitada quando comparado a grupos de WhatsApp, onde é possível criar facilmente grupos com centenas de pessoas —daí, novamente, o americano preferir grupos e comunidades no Facebook.

As redes sociais, é claro, se beneficiam do chamado efeito de rede --quanto mais gente está numa determinada plataforma, mais valioso se torna participar dela, o que geralmente acaba levando uma plataforma a se tornar a dominante em uma determinada população. 

Em países como Estados Unidos, México, Canadá e Reino Unido, quem "ganhou" a guerra pela atenção dos usuários foi o Facebook, enquanto no Brasil, Argentina, Índia e Indonésia, entre outros, o vencedor foi o WhatsApp.

Não que o brasileiro não use o Facebook —a plataforma tem até mais usuários ativos (gente que acessou a plataforma no último mês) no Brasil que o WhatsApp, 127 milhões ante 120 milhões de usuários ativos do app de mensagens, segundo dados da própria empresa, dona dos dois apps, divulgados em julho.

Mas dados da ComScore indicam que o brasileiro passa muito mais tempo no WhatsApp do que no Facebook no celular, o que mostra o uso mais intenso da primeira rede. Nos EUA, o campeão disparado de tempo de uso no celular é o Facebook —o WhatsApp nem aparece entre os dez apps campeões nesse quesito no país.

Por fim, o Facebook é hoje uma rede social que concentra usuários mais velhos nos EUA, onde os mais jovens, de até 24 anos, passam mais tempo em outras plataformas como Instagram e Snapchat. No entanto, o eleitor americano também tende a ser mais velho —o voto não é obrigatório no país e os mais jovens historicamente têm comparecimento pequeno nas votações.

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