Descrição de chapéu Lava Jato

César Mata Pires Filho, herdeiro da OAS, se entrega à PF em Curitiba

Empreiteiro estava nos EUA e teve mandado de prisão decretado na 56ª fase da Lava Jato

Débora Sögur Hous
São Paulo

O dono da empreiteira OAS, César de Araújo Mata Pires Filho, se entregou à Polícia Federal (PF) em Curitiba na virada de domingo (25) para segunda (26). Pires Filho herdou a empresa de César Mata Pires, fundador da OAS e morto em 2017. O filho é um dos alvos da 56ª fase da Operação Lava Jato —a primeira sob as ordens da juíza Gabriela Hardt. Pires Filho estava nos Estados Unidos quando a operação foi deflagrada na sexta-feira (23).

O pedido de prisão temporária (ele pode ficar detido até cinco dias) de César Mata Pires Filho foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) que suspeita que o empresário participou de um esquema de pagamento de propina a ex-dirigentes da Petrobras e do Fundo Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social) para a ampliação da sede da Petrobras na Bahia, obra conhecida como Conjunto Pituba.

Sede da Petrobras em Salvador (BA) em abril de 2017
Sede da Petrobras em Salvador (BA) em abril de 2017 - Reprodução - abr.2017/Google Street View

Ainda segundo as suspeitas do MPF, o projeto foi superfaturado. As obras, que eram estimadas em R$ 320 milhões (pagas pelo Fundo Petros), saíram no fim das contas por R$ 1,3 bilhão. Os crimes teriam acontecido a partir de 2008.

No pedido de prisão do Ministério Público, ao justificar a detenção temporária de César Mata Pires Filho, o órgão diz que o empresário sugeriu a Leo Pinheiro (ex-presidente da OAS já condenado por corrupção) que era necessário "correr com contratos adicionais para aproveitar a presença de Luiz Carlos Afonso, presidente da Petros", que também participaria do esquema (e também teve prisão preventiva decretada).

O MPF também diz que Pires Filho atuava ativamente na distribuição de "vantagens ilícitas" e "autorizava o repasse de vantagens indevidas para o Partido dos Trabalhadores por meio de doações oficiais ao órgão diretivo da agremiação". Segundo o MPF, a OAS e a Odebrecht, durante o processo de construção da obra investigada teriam distribuído cerca de R$ 68 milhões em subornos.

A Folha tentou entrar em contato com os advogados de defesa de César de Araújo Mata Pires Filho, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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