Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

'Vou conversar com todo mundo, sem preconceito político', diz novo ministro da Secretaria de Governo

General Carlos Alberto dos Santos Cruz, que já esteve em conflitos no Haiti e no Congo, agora vai articular no Congresso

O secretário nacional de Segurança Pública, general Carlos Alberto Santos Cruz, durante reunião com secretários de Segurança Pública dos estados (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
General Carlos Alberto Santos Cruz durante reunião com secretários de Segurança Pública dos estados em março de 2018 - Fabio Rodrigues Pozzebom - 16.mar.2018/Agência Brasil
Gustavo Uribe
Brasília

Mesmo vindo de fora do universo político, o futuro ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, não acredita que a interlocução com o Congresso Nacional seja, nas palavras dele, uma assombração.

Em viagem a Bangladesh, o militar concedeu nesta segunda-feira (26) entrevista por telefone à Folha e disse que assumirá o cargo sem preconceitos, recebendo parlamentares de qualquer legenda, independentemente da posição no espectro político. "Eu vou conversar com todo mundo. Todo mundo foi eleito, tem valor e é igual. Dar atenção é uma obrigação", disse. 

Com passagens por situação de conflitos no Haiti e no Congo, ele considera que Brasília será também um grande desafio.

 

A Secretaria de Governo continuará com a função de negociação com o Congresso Nacional?
Na realidade, é de atenção e de interlocução com deputados e senadores, facilitando a comunicação entre o presidente e congressistas. Isso não tem problema nenhum. Eu nunca fui parlamentar, mas não vejo dificuldades nisso.

E qual é a experiência do senhor para fazer a interlocução política?
Eu acredito que a minha experiência de vida me garante qualquer função desse nível. Você não precisa ser tão especializado. Mas a experiência de governos anteriores mostra que não é simples.

Acredita que será mais fácil do que lidar com cenários de guerra, com os quais o senhor está acostumado?
Não é problema de ser difícil, precisa é de atenção. Há dificuldades normais de qualquer profissão, de qualquer função. Não é nenhuma assombração, não tem nada de inexequível.

O que um general pode trazer de diferencial na interlocução com o Congresso Nacional?
Não vejo diferenciação para comparar com os outros, mas pode ter certeza que o forte será a atenção e a educação. A gente não tem preconceito político nenhum, não tem paixões partidárias.

Carlos Alberto Dos Santos Cruz, na época que fazia parte do Minustah (Missão de Paz da ONU no Haiti), em Porto Príncipe (Haiti) - 25.abr.2013/AFP

O senhor disse que chega sem preconceitos. Pretende conversar com parlamentares que se identificam como de esquerda? 
Eu vou conversar com todo mundo. Todo mundo foi eleito, tem valor e é igual. Dar atenção é uma obrigação. 

Então, não terá problemas em receber também petistas.
Nenhum.

Por que acha que foi escolhido para essa função?
O presidente eleito me conhece, sabe das minhas características, principalmente de que daremos o máximo de atenção possível a todos aqueles que precisarem da Secretaria de Governo. Tem de dar atenção. Ele confia. Não é problema de articulação, mas de atenção.

Acredita que, mesmo não sendo do universo político, não terá dificuldades?
Não, não vejo problema. São dificuldades normais. 

O senhor considera que terá uma missão parecida com a do oficial general John Kelly, chefe de gabinete de Donald Trump, escalado para acabar com a improvisação na Casa Branca e com intrigas palacianas?
Não, acho que não, não tem amadorismo. Eu não vejo essa semelhança, porque a função vem ocorrendo normalmente. É a vida da política.

Além da interlocução política, a pasta terá novas funções?
Eu ainda não tive a oportunidade de conversar com ele, porque estou em Bangladesh neste momento e volto ao Brasil na sexta-feira (30). 

O Carlos Bolsonaro, filho do presidente eleito, disse que o senhor tinha sido escolhido para o posto de secretário nacional de Segurança Pública. Porque houve mudança?
Eu tinha sido realmente convidado pelo juiz Sergio Moro. Mas o presidente eleito, na acomodação das funções, me convidou para essa outra função e, claro, ele tem prioridade.

Então, não houve veto do futuro ministro da Justiça para que o senhor assumisse o cargo?
Não, não tem nada disso, longe disso. Seria uma honra trabalhar com Moro, é uma pessoa que está fazendo um fantástico trabalho, com coragem e perseverança. Nessa hora, é normal a acomodação de funções.

Depois de passar pelo Haiti e pelo Congo, Brasília será um desafio maior?
Brasília é um grande desafio, é uma outra área. Será um desafio interessante. Depois de 50 anos de vida militar, você tem experiencia em várias áreas.

Pretende manter a postura do presidente de priorizar a interlocução com frentes parlamentares em vez de partidos políticos?
Esse tipo de interlocução segue o ritmo determinado pelo presidente. E o presidente, desde que eu o conheço, tem um perfeito entendimento e não é uma pessoa radical. O andamento das coisas não pode ser predeterminado.

O senhor acha que consegue articular a votação da reforma da previdência no início do ano que vem?
A previdência é um dos assuntos polêmicos e tudo é possível dependendo do andamento. Esse tipo de assunto, sensível para a população, depende do andamento.

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