Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Caminhoneiros se dividem sobre ida a ato pró-Bolsonaro

Para Alves, Congresso chantageia o presidente; Landim diz que não irá como representante da categoria

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São Paulo

Os dois principais representantes dos caminhoneiros autônomos declararam que irão à manifestação a favor do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no próximo domingo (26). A posição, porém, divide o setor.

Vanderlei Alves, conhecido como Dedeco, gravou um vídeo e criou uma imagem pelo celular no qual chama os caminhoneiros para irem ao ato. "Quem puder pegar seu caminhão e ir à manifestação da sua cidade, vá. Para mostrar que os caminhoneiros está com o governo, com a governabilidade desse governo".

No vídeo, Alves defende o governo e afirma que o presidente está sendo chantageado pela Câmara dos Deputados. "Tem muito senador bom, muito deputado bom, mas a maioria só quer saber de bem próprio", diz.

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O caminhoneiro Vanderlei Alves, conhecido como Dedeco - Danilo Verpa/Folhapress

Wallace Landim, o Chorão, afirmou que irá às manifestações como cidadão e não como representante da categoria.

"Eu fui candidato nas últimas eleições e apoiei o governo. Então, eu, como Wallace Landim, vou", disse. 

Nesta terça (21), o presidente Bolsonaro afirmou que não irá ao protesto e pediu que ministros e auxiliares se abstenham de fazer comentários sobre o movimento e não façam convocações nas redes sociais. A ideia é desassociar o governo do ato.

Nos grupos de WhatsApp acompanhados pela reportagem, os caminhoneiros estão divididos. Muitos defendem o presidente contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). Outros afirmam que não irão as manifestações e criticam a situação da categoria. 

 

Fabiano Márcio da Silva, caminhoneiro de Governador Valadares e representante de parte dos caminhoneiros de Minas Gerais, diz que como cidadão apoia a manifestação, pois é contra a roubalheira na Câmara e o STF.

"Como representante, eu não tenho direito de chamar a classe. Temos direita, esquerda, intervencionistas...Se você representa você tem que respeitar o direito de cada um".

Ele participou de reuniões com o ministro Tarcísio de Freitas, porém, diz que a categoria não está conseguindo sobreviver com a alta do diesel e a falta de fiscalização sobre a lei do frete.

"A nossa classe está dividida em sete partes", diz. Sobre os grupos do WhatsApp, ele conta que há gente de todos os aspectos políticos, de esquerda a intervencionistas. "A política [das eleições] acabou, mas o pessoal não quer largar", afirma.

"Tem a questão do óleo diesel, que hoje ninguém aguenta mais. A categoria vai acabar parando de novo. Parando por falta de condição de trabalhar, não vai ser nem para exigir alguma coisa", afirma, também em vídeo, Salvador Edmilson Carneiro, o Dodô, caminhoneiro de Riachão do Jacuípe, no norte da Bahia. Ele critica o governo Bolsonaro por manter a política de reajuste dos combustíveis.

Muitos motoristas estão a caminho de Brasília para participar da última audiência sobre a nova tabela do frete que está sendo desenvolvida pela Esalq-Log, da USP. 

"Chegando em Brasília a gente vê o que vai aprontar por lá. Se vai fazer uma manifestação, uma carreata. A gente vai para cima do governo botar pressão", afirma Marconi França, caminhoneiro do Recife que tentou organizar um ato de caminhoneiros no dia 19. O motorista quer pedir ao governo um subsídio ao diesel enquanto a tabela do frete não é cumprida 100%.

Uma das principais bandeiras das manifestações de domingo —a votação da medida provisória que prevê a reforma ministerial— foi esvaziada. Nesta terça (21), líderes do chamado centrão fecharam um acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para votar a MP ainda nesta semana.

A medida provisória foi editada pelo presidente no início de seu mandato e pode expirar no dia 3 de junho caso não seja aprovada até lá. 

O presidente nacional do PSL, partido de Bolsonaro, disse não ver sentido no protesto. Segundo Luciano Bivar, a legenda não apoiará o ato institucionalmente, mas a bancada está liberada para participar.

Com movimentos de direita rachados, grupos que organizam as manifestações passaram a adaptar o discurso para excluir motes radicais e tentar ampliar a adesão de apoiadores do governo. Pautas como o fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal) ficaram em segundo plano.

As bandeiras anunciadas pelos mobilizadores se desdobraram tanto nas últimas horas que resultaram em um bloco difuso. As convocações falam também em demonstrar apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime do ministro Sergio Moro, pedir a continuidade da Operação Lava Jato e defender a obrigação do voto nominal como estratégia para constranger parlamentares em projetos polêmicos.

Os protestos convocados para domingo (26)

Pautas oficiais

  • Defesa da reforma da Previdência
  • Defesa do pacote anticrime de Moro
  • Apoio à Lava Jato
  • Votação nominal na MP 
  • da reforma administrativa
  • Defesa de medidas de Bolsonaro, como contingenciamento de gastos e decreto de armas

Quem vai participar

  • Clube Militar
  • Nas Ruas
  • Ativistas Independentes
  • Movimento Avança Brasil
  • Direita São Paulo
  • Patriotas Lobos Brasil
  • Outros grupos de direita

Quem não vai participar e por quê

Bolsonaro e ministros
Presidente não quer associar a manifestação ao governo e ministros e auxiliares presidenciais foram orientados a se distanciarem do movimento. PSL, partido de Bolsonaro, também decidiu não apoiar os atos institucionalmente, mas bancada está liberada para participar

Movimento Brasil Livre  
Grupo é contrário a pautas como o fechamento do Congresso e do STF, que consideram “medida antiliberal, anticonservadora e antirepublicana”

Vem pra Rua
Não vai aderir por ser um ato pró-governo, uma vez que o movimento se considera suprapartidário

Partido Novo
Vê “pautas diversas e sem objetivo claro” e afirma que cabe aos cidadãos decidir pela participação, não ao partido enquanto instituição

Janaina Paschoal, deputada estadual de SP pelo PSL
Afirmou qu e não vê racionalidade nas manifestações e que o presidente confunde discussões democráticas com toma lá dá cá

Movimento Brasil 200
O grupo de empresários, embora defenda agenda pró-Bolsonaro, condena pautas como fechamento do Congresso e do STF

Caminhoneiros
Dois líderes afirmaram que irão aos protestos, mas a categoria está dividida

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