Relembre motins de policiais pelo país desde o de Minas Gerais em 1997

Nesta quarta (19), o senador Cid Gomes foi baleado em Sobral (CE) após tentar furar bloqueio de amotinados

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São Paulo

Greves são proibidas para agentes das polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e Corpo de Bombeiros, mas o país tem um longo histórico de movimentos de paralisação dessas categorias.

Foi durante o motim da Polícia Militar do Ceará que o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido, nesta quarta-feira (19), por dois tiros em Sobral (a 270 km de Fortaleza). Ele tentava avançar com uma retroescavadeira no 3º Batalhão, tomado por policiais que demandam reajuste salarial.​

Cid é irmão de Ciro Gomes, que foi candidato à presidência nas eleições de 2018 pelo PDT. Na madrugada desta quinta (20) o governo do Ceará retomou o controle do quartel, que estava ocupado desde segunda (18).

Veja alguns dos movimentos de policiais desde a década de 1990.

1997 - Minas Gerais
Manifestação de policiais militares em Minas Gerais, que dura 14 dias, é a primeira de uma série em todo país. Em junho, um policial morre baleado em uma passeata e a crise se estende para outros onze estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Santa Catarina e São Paulo. No mês seguinte a paralisação assume dimensões de crise de Estado e policiais entram em conflito com o Exército. O governador de Alagoas Divaldo Suruagy (PMDB) se afasta do cargo e renuncia em 1º de novembro.

1998 - Pernambuco
Em maio tem início um motim de policiais civis em Pernambuco, que dura mais de 48 dias. Em dezembro do mesmo ano um motim conjunta da PM e da Polícia Civil no Espírito Santo deixa o estado sem policiamento. Os salários estavam atrasados havia quatro meses.

2000 - Alagoas
Durante o Carnaval, a Polícia Civil de Alagoas se amotina e para 13 das 14 delegacias da capital. Em agosto e outubro, é a vez de Sergipe e Pernambuco anunciarem motim após três meses de negociação.

2001 - Tocantins, Pernambuco e Bahia
Paralisação de PMs de Tocantins dura 12 dias e três municípios decretam emergência. Em maio, o governo federal enviou tropas do Exército ao estado em uma tentativa de colocar fim à paralisação da Polícia Militar. Em julho, policiais civis de Pernambuco também se amotinaram, reivindicando aumento do salário base e nomeação de 1.600 policiais concursados.

No mesmo mês, a Polícia Militar baiana também decretou paralisação. Por causa dela, lojas ficaram fechadas vários dias, ônibus deixaram de circular em Salvador e bancos foram proibidos de abrir pelo Banco Central, em Brasília.

2004 - Nacional
Durante 61 dias, entre março e maio, policiais federais fizeram motim. Os manifestantes promoveram passeatas e até realizaram, em Brasília, o velório simbólico do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com um caixão de madeira rodeado por "viúvas" vestidas de preto. Eles reivindicavam o pagamento de salário equivalente a escolaridade de nível superior para as categorias em motim. No mesmo ano, policiais civis em Alagoas, Piauí e Minas Gerais também paralisaram.

2007 - Ceará
Escrivães, peritos, inspetores e investigadores da Polícia Civil do Ceará se amotinaram. O governador da época era Cid Gomes, então no PSB, e ele anunciou corte no ponto dos grevistas. A principal reivindicação era o reajuste salarial baseado em um plano de cargos e carreiras que incluísse a obrigatoriedade de curso superior para os policiais civis.

2008 - São Paulo
Em setembro, policiais civis de São Paulo se amotinaram reivindicando aumento salarial de 15% naquele ano e reajustes de 12% nos dois anos seguintes, além de eleição direta para delegado geral. No quinto dia, o motim já tinha 70% de adesão. No dia 16 de outubro daquele ano, a rua Padre Lebret, na região do Morumbi, foi palco de um conflito entre PMs e policiais civis que aderiram a paralisação que deixou 29 pessoas feridas. No mesmo mês cerca de 500 policiais civis ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo para protestar.

2012 - Nacional
A Polícia Federal entrou em motim junto com outros órgãos do funcionalismo, como a Polícia Federal Rodoviária, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Receita Federal. Em agosto, servidores de 18 setores, entre eles a Polícia Rodoviária Federal aceitaram proposta e encerraram paralisação. No mesmo ano, a Polícia Militar da Bahia ficou paralisou durante 12 dias. Eles ocuparam o prédio da Assembleia Legislativa da Bahia por nove dias.

2017 - Espírito Santo
Um motim de 21 dias de policiais militares no Espírito Santo provocou uma onda de violência que resultou em mortes, saques, interrupção de aulas nas escolas, paralisação de ônibus e fechamento de shoppings na Grande Vitória. O movimento teve participação de familiares para bloquear os batalhões e reivindicar reajuste salarial de 65% até 2020.

2020 - Ceará
O motim da PM no Ceará que resultou na hospitalização de Cid Gomes começou nesta segunda-feira (17). Nesta quarta (19), pessoas encapuzadas passaram a invadir quartéis e, em um deles, em Fortaleza, dez viaturas foram levadas. Em outro, carros e motos tiveram os pneus esvaziados. Três policiais militares foram presos e 261 estão sendo investigados por participação nos atos. Os policiais pedem que pagamento de reajuste seja feito em apenas uma parcela e que seja apresentado um plano de carreira para a categoria.​

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