Em retaliação, Onyx exonera servidores de área que empregaria professor de inglês indicado por ele

Ministro da Cidadania cancelou a nomeação do professor após reportagem da Folha

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Brasília

O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM), exonerou servidores e comissionados de postos de comando da assessoria internacional da pasta. A medida ocorre após a Folha revelar que o ministro queria indicar o seu professor de inglês particular para uma vaga no setor.

As exonerações foram publicadas no Diário Oficial nesta terça-feira (5).

Onyx tentou emplacar Allan Bubna, que é bacharel em Relações Internacionais, para uma vaga da categoria DAS-4, no valor de R$ 10.373,30, a terceira maior remuneração entre os comissionados, de acordo com a tabela do governo federal.

O ministro só voltou atrás após a Folha revelar a história.

Na segunda-feira (4), o clima dentro do ministério era de caças às bruxas. Onyx determinou uma apuração informal interna para saber como a contratação de Bubna chegou à reportagem. Sem sucesso, Onyx mandou afastar todos as pessoas ligadas ao setor.

O secretário-executivo do ministério, Antonio José Barreto De Araújo Junior, ficou responsável em demitir os servidores.

A assessora especial de Assuntos Internacionais, Juliana Santini De Oliveira, a coordenadora-geral de Foros Multilaterais, Daniela Mesquita De Franco Ribeiro, e a coordenador de Gestão Interna, Mariana Rodrigues Campos, tiveram suas exonerações das funções comissionadas publicadas nesta terça.

Outros servidores e terceirizados já foram comunicados que vão ser dispensados de suas funções.

A área de Assuntos Internacionais do Ministério da Cidadania será comandada pelo diplomata Maurício Carvalho Bernardes. Atualmente, Bernardes está lotado na embaixada brasileira em Buenos Aires, mas já dá expediente no prédio do ministério.

Bernardes tentou, em vão, reverter as demissões de acordo com fontes ouvidas pela Folha. Procurado, ele não se manifestou.

O Planalto ficou incomodado com a indicação do professor de inglês que acabou sendo cancelada na sexta-feira (2), duas horas após a Folha revelar a tentativa de Onyx.

De acordo com fontes ouvidas pela Folha, a situação trouxe um problema desnecessário para esse momento de crise.

​Onyx conheceu o professor de inglês na metade do ano passado, quando o ministro, então na Casa Civil, passou a ser seu aluno. As aulas eram dadas num curso de inglês na Asa Sul de Brasília e foram interrompidas no dia 19 de março por causa do novo coronavírus.

"O ministro me indicou [para a vaga no governo] pois, durante nossas aulas, também trabalhávamos com assuntos relacionados ao trabalho dele e de importância nacional e global", disse Bubna, bacharel em Relações Internacionais pela UnB (Universidade de Brasília).

Após a Folha revelar a indicação, Onyx afirmou através de suas redes sociais que nomeou Bubna por sua graduação na UNB . "Fui aluno do professor Allan Bubbna (sic), mas a indicação para compor a equipe liderada por um diplomata de carreira não foi do professor, e sim do profissional graduado em relações internacionais na UNB", disse.

Bubna também tem filiação partidária. De acordo com informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o professor de Onyx é filiado ao PSOL há cinco anos.

Também pelas redes sociais, Onyx disse que desconhecia a filiação a partidária do professor e, por isso, estava cancelando a sua indicação. "Desconhecia qualquer ligação ou filiação partidária do indicado e informo que até que tudo fique esclarecido, para não se cometer nenhuma injustiça, o processo está cancelado", afirmou pelo Twitter.

A Folha procurou o Ministério da Cidadania e a assessoria pessoal do ministro Onyx Lorenzoni para comentar as demissões, mas não obteve resposta.

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