PF diz que vai monitorar candidaturas laranjas e origem de fake news nas eleições

Diretor-geral afirma que corporação cruzará dados para mapear possíveis fraudes e usará drones contra boca de urna no dia da votação

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Brasília

O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Rolando Alexandre de Souza, afirmou nesta sexta-feira (16) que a corporação vai cruzar dados nas eleições deste ano para identificar possíveis candidaturas laranjas.

Segundo disse Rolando, em evento de lançamento da Operação Integrada Eleições 2020 ao lado do ministro da Justiça, André Mendonça, e do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, o mapeamento de possíveis candidatos laranjas será uma das prioridades da PF no pleito, ao lado de ações para identificar a origem de fake news.

A informação foi antecipada pelo Painel.

"Temos sistemas que estão cruzando os dados automaticamente e que já nos dão um indicativo das candidaturas laranjas. Através do cruzamento de dados eu tenho a identificação de possíveis laranjas, e assim permitir que a Polícia Federal seja mais assertiva", afirmou o diretor-geral da PF, nesta sexta.

"Através dos recursos repassados e a forma que aconteceu a votação, eu consigo ter um painel de onde estão [os candidatos] nos estados e municípios e quem são as pessoas que provavelmente são laranjas. E que obviamente responderão a inquéritos e se, ao cabo se identificar responsabilidade, serão responsabilizadas para apreciação do Poder Judiciário."

De acordo com Rolando, parte do processo investigativo da PF se baseará no rastreamento de recursos públicos recebidos para as campanhas e os votos que efetivamente a pessoa recebeu.

"Tem uma parte em tempo real e outra parte que eu só vou conseguir identificar após a votação", disse. "Os sistemas estão todos otimizados para isso: fake news e candidaturas laranjas, além, claro, de boca de urna", complementou.

Ele disse ainda que a PF vai acompanhar os maiores centros de votação com drones no dia dos pleitos, para combater atos como boca de urna e compra de votos.

Conforme a Folha revelou em diversas reportagens ao longo de 2019, partidos patrocinaram nas eleições de 2018 candidaturas fictícias de mulheres com o intuito de desviar para outros fins os valores que, por lei, deveriam ser direcionados às candidaturas femininas —ao menos 30%.

Algum dos casos mais simbólicos aconteceram no PSL de Minas Gerais e de Pernambuco, mas as potenciais laranjas se espalharam por diversas outras legendas, entre elas o DEM.​

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, chegou a ser denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais em outubro de 2019. A investigação, iniciada com base em reportagens da Folha, concluiu que ele, que presidia o PSL mineiro, comandou um esquema de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada.

Nesta sexta, Barroso também participou da cerimônia de assinatura eletrônica e lacração dos sistemas usados nas urnas eletrônicas.

O presidente do TSE disse que o processo garante a lisura do pleito e voltou a defender a segurança do sistema.

“Diante da lacração, desse carimbo de autenticidade, é impossível adulterar o programa que foi disseminado na urna. Esse é um dos principais mecanismos de segurança que nós adotamos para assegurar a lisura do procedimento”, afirmou Barroso.

O ministro aproveitou a oportunidade para reforçar o "profundo compromisso" da Justiça Eleitoral com a "segurança da votação, o sigilo do voto, bem como com a transparência e abertura de todas as etapas da organização do pleito à fiscalização da sociedade".

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