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É falso que motociata de Bolsonaro entrou para livro de recordes por reunir 1,3 mi de veículos

Guinness Book diz à Folha que não aceita eventos com motivações políticas; governo de SP estima que ato teve 12 mil motos

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Lauro de Freitas (BA) e São Paulo

É falsa a informação que circula nas redes sociais de que a motociata liderada pelo presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo, neste sábado (12), foi a maior do mundo e entrou para o Guinness World Records após reunir 1,3 milhão de veículos.

A organização afirma, em nota enviada à Folha, que não certifica recordes de natureza política e esclarece que não permitiu a utilização do nome ou de serviços da marca para o evento.

O presidente Jair Bolsonaro na avenida Pedro Alvares Cabral, próximo ao parque do Ibirapuera, durante a Motociata "Acelera para Cristo", em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

"Não aceitamos candidaturas a recordes que consideremos politicamente motivadas, e reservamo-nos o direito de rejeitar ou cancelar uma candidatura, caso a consideremos como promoção de uma agenda política", diz a nota.

"Como este evento [a motociata] teve uma motivação política, não permitimos qualquer utilização do nosso nome, plataforma, ou serviços".

O governo paulista estima que o ato contou com a presença de 12 mil motos, número bastante inferior ao alegado por alguns bolsonaristas nas redes sociais, de 1,3 milhão de veículos. O dado também supera a frota total de motocicletas na cidade de São Paulo, de 1.217.655 unidades em 2020, segundo dados consolidados do Ministério da Infraestrutura.

De acordo com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a estimativa de público de uma manifestação é feita com a ajuda de recursos de mapa e georreferenciamento, a partir de imagens registradas pelo helicóptero da Polícia Militar.

O cálculo leva em consideração tanto o trajeto da manifestação quanto as ruas adjacentes.

No caso de motocicletas, eles calculam quantas motos podem ocupar o trecho da via e, a partir do congestionamento formado, chegam ao número de participantes.

Para que um novo recorde mundial seja estabelecido, o Guinness World Records define que uma proposta deve ser feita em seu site, acompanhada de materiais como declarações de testemunhas e registros em vídeos e fotos. O prazo padrão para análise dos pedidos é de 12 semanas, e cerca de 60% das propostas são rejeitadas, segundo a empresa.

Há ainda uma modalidade de inscrição prioritária, em que o tempo de resposta da resposta diminui, mas ela se restringe a pedidos de recordes individuais, o que excluiria o evento liderado pelo presidente, de teor coletivo.

Não há registros sobre "a maior motociata do mundo" no site da organização, mas sim recordes mais específicos envolvendo motociclistas, como "A Maior Parada de Motocicletas da Yamaha", "A Maior Parada de Motocicletas Militares", entre outros.

A desinformação sobre o suposto recorde começou a circular nas redes através de postagens de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, entre eles a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).

Na manhã de sábado (12), durante a concentração para o ato, ela publicou um vídeo em seu canal no Youtube em que afirma que o ato seria "a maior motociata da história" e que o Guinness Book "estaria de olho" no evento.

O dado foi negado pela instituição. "Podemos confirmar que o desfile de motocicletas ocorrido em São Paulo, no dia 12 de junho, não foi uma tentativa oficial de título de recorde mundial do Guinness".

A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) também ajudou a ventilar a notícia falsa, ao compartilhou um post no Twitter afirmando que uma "pesquisa confiável", realizada pela empresa, havia determinado a participação de 1.324.523 motocicletas durante o evento.

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