Descrição de chapéu congresso nacional

Lira diz que desfile de blindados é 'coincidência trágica' diante de agenda da Câmara para voto impresso

Presidente da Casa, que não descarta adiar votação, diz que Bolsonaro negou intuito de pressão

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Brasília

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira (9) que o desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios previsto para esta terça-feira (10) não é usual, mas considerou uma "coincidência trágica" que ocorra no mesmo dia de análise do voto impresso pelo plenário da Casa.

Lira concedeu entrevista ao portal Antagonista na noite desta segunda, horas após o Ministério da Defesa anunciar a realização, nesta terça, do desfile de blindados que passará em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. Ele admitiu a possibilidade de adiamento da votação na Câmara "se os deputados quiserem e a população achar que é conveniente".

De acordo com um comunicado da Marinha, o desfile marcará a entrega a Bolsonaro e ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) de um convite para que as autoridades acompanhem, na próxima segunda-feira (16), um tradicional exercício da Marinha que ocorre desde 1988.

Embora autoridades normalmente sejam chamadas a assistir à Operação Formosa, que ocorre na cidade de mesmo nome em Goiás, é a primeira vez que o convite ocorrerá com um desfile de blindados militares.

Na entrevista, Lira disse encarar a notícia como “uma trágica coincidência.” “Não é que eu apoie essa demonstração. Eu procurei informações. Essa operação Formosa acontece desde 1988 aqui em Goiás, com movimentações da Marinha. E neste ano estarão acrescidos o Exército e a Aeronáutica. Então não é uma coisa que foi inventada”, disse.

“Mas também nunca houve um desfile para ir a Formosa, na Esplanada dos Ministérios, e parar na frente do Palácio do Planalto”, disse.

Na avaliação dele, o desfile não vai comprometer a votação a PEC do voto impresso, mas ele não descartou a possibilidade de adiamento. “Nós não deveremos ter problema. Se os deputados quiserem e a população achar que é conveniente, a gente pode adiar a votação, porque quando nós discutimos esse assunto na semana passada, eu quero entender, quero acreditar que esse movimento já estava programado, só não é usual”, afirmou.

“Não sendo usual, num país que está polarizado do jeito que o Brasil está, com tantas versões, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão”, afirmou.

Lira disse ter falado com o presidente Jair Bolsonaro, que negou qualquer intuito de pressionar os parlamentares. Segundo o presidente da Câmara, houve um convite pra que ele e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), participassem desse convite.

“Mas quero dizer que não é usual, e esse tipo de especulação cabe nesse momento, muito embora a coincidência trágica da agenda da Câmara com essa passagem dos blindados para Formosa realmente apimenta esse momento.”

O desfile ocorre no dia em que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso pode ser derrotada pelo plenário dos deputados. Há estimativas que indicam que a proposta não teria 200 votos --são necessários ao menos 308 votos em dois turnos para que o texto siga para o Senado.

A iniciativa dos militares repercutiu entre congressistas. Vice-presidente da CPI da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) atacou, em uma rede social, a presença de blindados na Esplanada nesta terça.

"Alguns avisos ao sr. inquilino do Palácio do Planalto: 1) Colocar tanques na rua não é demonstração de força, e sim de COVARDIA; 2) Os tanques não são seus, pertencem à Nação; 3) Quer tentar golpe Sr. @jairbolsonaro? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia", escreveu.

Suplente do colegiado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), disse que pediu "à Justiça que impeça o gasto de recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar".

"As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso. Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não. O Brasil não é um brinquedo na mão de lunáticos", escreveu, em uma rede social.

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