PL diz que oficializará filiação de Bolsonaro no dia 30

Presidente teve encontro com dirigente do centrão no Planalto nesta terça-feira

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Após idas e vindas, o presidente Jair Bolsonaro acertou sua filiação ao PL em um encontro com o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, na tarde desta terça-feira (23), de acordo com a sigla.

Em nota, o PL anunciou que a filiação de Bolsonaro, que está há dois anos e meio sem partido, será oficializada no próximo dia 30.

O presidente Bolsonaro, em Brasília - Evaristo Sa-22.ou.21/AFP

A nova data foi marcada após o adiamento da filiação de Bolsonaro, agendada anteriomente para o dia 22 de novembro.

O cancelamento do evento ocorreu devido a entraves em alianças regionais, em especial em São Paulo.

Valdemar, que já foi aliado do PT, condenado e preso no mensalão, adotou uma postura pragmática e fez de tudo pela filiação do presidente.

O cálculo visa aumentar a bancada de deputados e senadores no Congresso em 2023, independentemente de quem ganhe a eleição para o Planalto. A ideia é saltar dos atuais 43 deputados para pelo menos 65.

O cenário entre Bolsonaro e o PL melhorou na semana passada, depois que Valdemar organizou uma carta branca dos diretórios estaduais para que ele pudesse negociar a situação de cada estado conforme achasse melhor para viabilizar a entrada de Bolsonaro.

A reunião contou com a presença de todos os dirigentes estaduais do PL. "O Partido Liberal está pronto e alinhado para receber o presidente da República, Jair Bolsonaro, em todos os estados", divulgou a sigla, em nota, na semana passada.

Dirigentes do PL diziam que a carta branca foi especialmente para São Paulo, onde o partido faz parte da base do governo João Doria (PSDB) e estava acordado para apoiar o vice Rodrigo Garcia (PSDB) na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Garcia foi lançado como candidato no último domingo, na convenção estadual. Mas, segundo interlocutores, enquanto não houver resolução das prévias nacionais do partido, nada está certo.

O vice-governador está empenhado em garantir a vitória de Doria na disputa contra Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. A definição do PSDB acabou atrasando devido ao fiasco com o aplicativo de votação nas prévias do último domingo (21).

Inicialmente, auxiliares palacianos defendiam que Bolsonaro aguardasse a resolução da disputa paulista antes de se decidir por um partido ou candidato.

Valdemar aguarda a realização das prévias para ter uma conversa definitiva com Garcia, mas já indicou que romperá o acordo em nome do que Bolsonaro quer.

Valdemar em reunião da executiva nacional do PL - Pedro Ladeira-17.nov.21/Folhapress

Bolsonaro defende o nome do ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) para governador, apesar de o próprio resistir a essa possibilidade.

Ao deixar o Palácio do Planalto nesta terça-feira, o senador Wellington Fagundes (PL-MT) disse que na quarta-feira (24) haveria reunião no partido para tratar dos ajustes finais da ida do presidente.

Segundo o parlamentar aliado de Bolsonaro, o palanque paulista estava "totalmente encaminhado". "São Paulo provavelmente [terá] a candidatura do ministro Tarcísio como candidato ao governo pelo PL. Está convidado para isso", afirmou.

Apesar da fala do senador, integrantes do PL em São Paulo ainda resistem ao lançamento de Tarcisio ao governo e querem que ele saia candidato ao Senado por Goiás, onde o ministro tem chances reais de ser vencedor.

De todo modo, já está azeitado que o partido terá candidato próprio no maior estado brasileiro.

Já no Rio de Janeiro, segundo Fagundes, o PL deve lançar à reeleição o governador Cláudio Castro (único membro do PL à frente de um estado), numa chapa com Romário para o Senado.

A bancada do partido no Senado tem um almoço na quarta-feira para discutir a filiação do presidente e palanques regionais. Eleger parlamentares para a Casa é uma das prioridades de Bolsonaro em 2022.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) chegou a ser cotado para disputar um dos cargos pelo Rio.

No PL, havia uma resistência em palanques no Nordeste à chegada de Bolsonaro. No Piauí, por exemplo, o partido é aliado do governador petista Wellington Dias.

Uma das consequências da filiação de Bolsonaro ao PL é que deputados críticos ao governo podem deixar o partido. Segundo relatos, Valdemar pediu que parassem com críticas públicas ao presidente e ameaçou de expulsão.

O principal nome de oposição é o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos. "Só tenho uma certeza: respeito qualquer decisão do partido, mas não estarei no palanque de Bolsonaro", disse Ramos, na semana passada.

No entanto, integrantes do PL reconhecem que, apesar da decisão desta quarta, os palanques estaduais de outras regiões do país, como no Nordeste, só serão de fato definidos no próximo ano, caso a caso.

Pelo acordo em construção com Bolsonaro, a vice na chapa do presidente ficaria com o PP, partido que também negociou a entrada do mandatário.

O presidente do PP, Ciro Nogueira, chegou a alinhavar a filiação do presidente, mas o Nordeste ainda resistia.

Por fim, Bolsonaro preferiu o PL para assegurar que a sigla o apoiasse em 2022 e também por ser um partido com menos caciques individuais, já que a influência de Valdemar na legenda é enorme.

Hoje o PL tem 43 deputados. Com a chegada de Bolsonaro, Valdemar quer alcançar uma bancada de no mínimo 65 parlamentares.

Eleger o maior número de deputados, além de fortalecer o partido no Congresso, garante uma maior fatia do fundo eleitoral.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.