O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (9) que o nazismo deve ser repudiado "de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas" e fez uma equiparação com o comunismo.
"A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e QUALQUER ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade", escreveu o presidente.
"É de nosso desejo, inclusive, que outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, a divisão de pessoas em raças ou classes, e que também dizimaram milhões de inocentes ao redor do mundo, como o comunismo, sejam alcançadas e combatidas por nossas leis", completou.
O filho 03 do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), tem um projeto de lei na Câmara que propõe a criminalização do comunismo.
O chefe do Executivo não citou especificamente os casos dos últimos dias que geraram debate sobre o nazismo e levaram a dois desligamentos em canais de comunicação, além de representações no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).
Na segunda-feira (7), Bruno Aiub, o Monark, um dos apresentadores do podcast Flow, defendeu a existência de um partido nazista em programa com a participação dos deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri.
A repercussão ao comentário fez com que Monark fosse desligado do programa. "A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião ", disse. "Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei."
A deputada rebateu o podcaster e depois questionou se Kim achava errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo. O parlamentar disse que sim.
"Por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que [seja o assunto que] o sujeito defenda, isso não deve ser crime. Por quê?"
"Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia antidemocrática, tosca, bizarra, discriminatória, é você dando luz àquela ideia para que aquela ideia seja rechaçada socialmente, e então socialmente rejeitada", afirmou o deputado no debate.
Kim disse à coluna Mônica Bergamo, da Folha, que o apresentador "falou uma grandessíssima bobagem, mas não é nazista".
O posicionamento do deputado mobilizou PP, PT e Eduardo Bolsonaro para representar no Conselho de Ética de Ética da Câmara.
Em outra frente, o comentarista da Jovem Pan Adrilles Jorge foi demitido da emissora após erguer a mão direita no fim do programa "Opinião", na terça (8). O gesto foi interpretado como uma saudação nazista, o que ele nega.
Os comentaristas falavam sobre o episódio de Monark no momento em que o programa foi encerrado.
Adrilles é defensor do presidente em seus comentários políticos na Jovem Pan.
No seu Twitter nesta quarta, Bolsonaro pediu ainda que o momento fosse de reflexão e amadurecimento. "Tenhamos mais juízo e responsabilidade", disse o mandatário.
No ano passado, o presidente se envolveu em uma polêmica ao receber no Palácio do Planalto a deputada ultradireitista alemã Beatrix von Storch, vice-líder do partido populista AfD (Alternativa para Alemanha) e neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças na Alemanha nazista.
O encontro ocorreu em julho do ano passado, fora da agenda. Com a repercussão, Bolsonaro minimizou a reunião.
A apoiadores, na época, disse: "Não posso receber essa deputada? Foi eleita democraticamente na Alemanha", disse. Ele sugeriu a apoiadores que não sabia do parentesco da deputada e disse que é errado julgar uma pessoa por erros de seus antepassados.
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