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Promotoria vai investigar agressores de atirador bolsonarista e prevê reconstituição

Policial penal Jorge Guaranho, também baleado, foi agredido por alguns conhecidos de petista após cair no chão

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Foz do Iguaçu (PR)

O Ministério Público afirmou que também investigará agressores do bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, que assassinou a tiros o militante petista Marcelo de Arruda em Foz do Iguaçu (PR).

Conforme mostram imagens gravadas, o policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, que também foi baleado, foi agredido por alguns homens conhecidos do petista após cair no chão.

De acordo com o promotor Tiago Lisboa Mendonça, será avaliado qual o papel que essas agressões têm nos ferimentos do homem, que segue internado.

* Imagens mostram início da discussão antes do crime; veja

A Justiça decretou a prisão preventiva de Guaranho. Caso se recupere, segundo o promotor, já há ordem para que ele seja ouvido.

"Ele se encontra preso preventivamente, sob escolta desde a data do fato e assim continuará", disse o promotor.

Segundo a Sesp (Secretaria da Segurança Pública do Paraná), o estado de saúde de Guaranho é grave, mas o quadro continua estável.

A secretaria não deu mais detalhes sobre quantos tiros ele recebeu nem quais órgãos foram atingidos.

O promotor Tiago Lisboa Mendonça disse que, independentemente da investigação sobre o assassinato do militante petista, foi determinado "um segundo inquérito policial para apurar essas agressões sofridas pelo autor do fato".

"O laudo médico vai nos dizer se homem, que está internado em estado grave, inconsciente, se essas lesões na cabeça foram decorrentes do disparo de arma de fogo que ele também foi vitimado ou decorrentes dos chutes."

* Imagens mostram troca de tiros e agressão a ser investigada; veja

Nos autos, a Justiça diz que o fato de o atirador ser policial penal federal "eleva ainda mais a gravidade do delito considerando que este age (ou deveria agir) em nome do Estado, em prol dos interesses da coletividade".

Entre os pontos a serem abordados nas oitivas, está a motivação do crime.

Outro ponto importante também destacado pelo promotor é verificar se havia algum grau de conhecimento entre Marcelo e Jorge Guaranho e por que o policial penal estava passando pelo local no momento em que começou a agressão. Não há, por ora, nenhuma indicação de que eles já tivessem eventual contato anterior.

O promotor afirmou que boa parte das pessoas que estavam no momento dos fatos ainda não foram ouvidas, o que deve ser feito daqui para frente.

Para verificar a dinâmica dos fatos, a investigação pode contar até com uma reconstituição do crime.


Designada pela Justiça para defender Jorge Guaranho, em medida prevista em lei, a advogada Andreza Dolatto Inácio entrou com pedido de prisão domiciliar, que foi negado.

Segundo Inácio, a família ainda não apresentado advogado para a defesa. A advogada informou que vai deixar o caso assim que a família apresentar outro representante ou a Justiça nomear um defensor.

A Secretaria da Segurança Pública do Paraná emitiu nota nesta segunda afirmando que foi formada uma força-tarefa que será presidida pela delegada Camila Cecconello, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa.

"Uma equipe de investigadores da DHPP vinda de Curitiba reforça os trabalhos para garantir celeridade na apuração dos fatos. A Sesp lembra que a Polícia Civil do Paraná conta com apoio da Polícia Científica para finalização das perícias necessárias para total elucidação do ocorrido."

Quem vinha liderando as investigações era a delegada Iane Cardoso, que havia feito postagens contra o PT nas redes sociais.

A Defensoria Pública do Paraná também divulgou nota nesta segunda-feira, na qual lamenta "o assassinato" de Marcelo e alerta sobre "a gravidade da violência política praticada, e a necessidade de garantir um clima pacífico durante as manifestações individuais ou coletivas".

De acordo com o órgão, a proximidade das eleições nacionais reforça a necessidade de que todas as instituições se mantenham vigilantes na defesa dos preceitos democráticos.

"Entendemos que é essencial a discussão a respeito da tolerância política e da defesa incondicional da democracia brasileira, uma das missões constitucionais de nossa instituição", diz o texto.

Colaboraram Mauren Luc, de Curitiba, e Denise Paro, de Foz do Iguaçu

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