Bolsonaro faz discurso em tom de desabafo e recheado de palavrões a empresários em SP

Presidente também afirmou, sem citar Lula, que, se o Brasil voltar a ser governado pela esquerda, ela 'não sai mais'

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São Paulo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um discurso em tom de desabafo e recheado de palavrões na manhã desta sexta-feira (26) em São Paulo. Em fala a empresários, o chefe do Executivo federal afirmou, entre outras coisas, que ocupar a cadeira presidencial "é uma merda" e que ministros de governos anteriores "não sabiam porra nenhuma".

A Folha contou ao menos sete palavrões ao longo da fala de improviso. Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas para a eleição de outubro, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O chefe do Executivo passou o dia em agenda em São Paulo. O primeiro compromisso foi essa cerimônia de inauguração do auditório da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), no centro da capital paulista.

Jair Bolsonaro após entrevista ao programa Pânico - Danilo Verpa/Folhapress

Bolsonaro também voltou a criticar ações do STF (Supremo Tribunal Federal), ainda que sem citar a corte, contra o deputado Daniel Silveira (PL), que foi condenado por ofender ministros daquela corte, e contra empresários bolsonaristas que defendiam um golpe de estado em um grupo de WhatsApp.

"Estamos perdendo a nossa liberdade", disse o presidente sobre os dois episódios.

"O ditador tinha que ser eu, e não alguém que tem obrigação de defender a Constituição. E vocês sabem do que eu estou falando", emendou Bolsonaro, sem também citar nominalmente o ministro do STF Alexandre de Moraes, que autorizou a operação da Polícia Federal contra os empresários.

Bolsonaro também afirmou, sem citar o nome de Lula, que, se o Brasil voltar a ser governado pela esquerda, ela "não sai mais".

"Esses caras vivem disso. Vivem do sangue da viúva. Achar que um dia um carrapato ou um verme vai sair por livre e espontânea vontade da vaca para virar vegetal, [quem acredita nisso] é um otário", disse.

"Se alguém acha que eu tenho amor àquela cadeira [de presidente], se puder falar palavrão aqui, vai pra ponta da praia. É uma merda", disse o presidente. "Mas eu tenho uma coisa em mim, vou fazer a coisa certa, vou honrar aquilo que prometi."

A plateia muitas vezes interrompeu a fala de Bolsonaro aos risos e com aplausos. O grupo de convidados era pequeno, com empresários ligados ao setor do comércio e aliados políticos, como o candidato ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gil Diniz (PL-SP).

À tarde, o presidente deu uma entrevista ao programa "Pânico", da Jovem Pan. Na conversa, que durou três horas, ele chamou a eleição deste ano de "self-service". "Eu sou bom, melhor? É o que tem na mesa", afirmou. "A gente vê hoje em dia que esse self-service tem pouca coisa pra escolher na mesa."

No programa, reforçou a sua crítica às ações do STF e disse que seu filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio, é visado para ser preso no Rio por fake news.

"Daqui a pouco prende um filho meu por fake news, como o Carlos o tempo todo é visado, e eu vou agora falar que não posso ser preso? E o outro lá [Daniel Silveira] que falou besteira, ninguém nega isso aí, pega nove anos de cadeia? Não tem cabimento acontecer essas questões no Brasil", disse.

Bolsonaro defendeu que "o Brasil tá indo, sim," a caminho da ditadura. "Mas não pelo chefe do Executivo", afirmou. "É o outro lado. Por quê? A gente não sabe porque essa pessoa age dessa maneira, o que tá na cabeça dela. Agora, também a gente vê claramente que faz de tudo pra prejudicar o nosso lado, e o outro lado fica nadando de braçada. Você não vê nenhum petralha aí criticando a questão dos oito empresários."

"Tem que se preocupar com isso, porque as novas ditaduras não começam como no passado, pé na porta, mata aí o opositor, exila. Vai perdendo aos poucos", afirmou.

O presidente também lembrou falou do seu ex-ministro Sergio Moro, afirmando que "o poder" subiu à cabeça do também ex-juiz da Lava Jato. "Ele queria uma indicação para o Supremo, mas jamais poderia passar numa sabatina com o Senado. Se ele tivesse se mantido numa boa comigo, ele poderia estar de vice comigo", disse.

Bolsonaro segue em São Paulo até a noite desta sexta (26), quando visita a cidade de Barretos para visitar a tradicional festa de rodeio da cidade.

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