Nas redes sociais, Mario Frias mente ao dizer que Haddad defende Stálin

Ex-secretário de Cultura de Bolsonaro usa fala antiga do petista em que ele comparava ditador soviético a Hitler

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Guarulhos (SP)

Não é verdade que Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e candidato ao governo do estado pelo PT, defende o ditador soviético Joseph Stálin e que seja a favor do "fuzilamento do bem", como afirma Mario Frias, ex-secretário especial da Cultura de Jair Bolsonaro (PL) e candidato a deputado federal por São Paulo pelo PL, no Twitter e no Instagram.

Nesta quarta-feira (24), Frias publicou um vídeo em que diz que Haddad "defende um dos mais cruéis assassinos da história da humanidade". O ex-secretário insere trecho de uma gravação em que o petista afirma: "Porque há uma diferença entre o Hitler e Stálin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas o Stálin lia os livros antes de fuzilá-los, lia os seus livros."

O trecho faz parte de fala de Haddad na Comissão de Educação no Senado, em maio de 2011, quando ele era ministro da Educação de Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, ele respondia a críticas ao livro "Por uma Vida Melhor", que trata sobre a norma culta da língua portuguesa.

Após ser questionado por Álvaro Dias (Podemos), então PSDB, que disse que até o ditador soviético Josef Stálin (1878-1953) defendia a norma culta, Haddad respondeu que "há uma diferença entre Hitler e Stálin. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas Stálin lia os livros antes de fuzilá-los. Estamos vivendo, portanto, uma pequena involução, estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler".

Fotografia colorida mostra o ex-secretário especial da Cultural do governo Bolsonaro, Mario Frias. Ele usa óculos de armação e paletó preto.
Ex-secretário de Cultura Mario Frias, que publicou vídeo de desinformação sobre Fernando Haddad - Pedro Ladeira - 10.nov.2020/Folhapress

Procurada, a assessoria de Fernando Haddad disse que o candidato nunca foi defensor de Joseph Stálin. "Ele usou uma ironia para mostrar a diferença entre nazistas, que não liam os livros que queimavam, e comunistas, que liam".

Até o fechamento desta reportagem, Mario Frias não respondeu aos questionamentos. Seus posts somavam aproximadamente 6 mil interações, entre curtidas, comentários e compartilhamentos até a tarde do dia 24.

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