Descrição de chapéu Folhajus

Aras diz que PGR tem sido sabotada com pedidos para investigar autoridades

Chefe da Ministério Público Federal afirma que representações são baseadas em 'meras' notícias de jornais 'previamente plantadas'

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Brasília

O procurador-geral Augusto Aras afirmou nesta sexta-feira (2) que a PGR (Procuradoria-Geral da República) passou a ser sabotada ao ser o destino de centenas de representações para que autoridades sejam investigadas.

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente o principal alvo dos pedidos de apuração que chegam ao órgão, o chefe do Ministério Público Federal afirmou que os documentos são baseados em "meras notícias de jornais previamente plantadas".

"Esta Procuradoria passou a ser literalmente sabotada, e eu digo sabotada mesmo, com centenas e centenas de representações, notícias-crimes, baseadas em meras notícias de jornais previamente plantadas", afirmou procurador-geral.

O procurador-geral, Augusto Aras - Antônio Augusto-16.ago.22/Secom/TSE

De acordo com ele, são dirigidas à Procuradoria representações fantasiosas, desprovidas de suporte probatório e de fundamentação legal.

As declarações fazem parte de um vídeo publicado no canal do PGR no YouTube. A gravação reúne comentários feitos em três ocasiões, nos dias 11 de julho, 9 e 19 de agosto.

"Isso é uma sabotagem ao nosso trabalho porque cada representação que chega a esta instituição é levada a análise de um servidor que faz uma triagem acerca da idoneidade da autoria, do conteúdo, das provas. Ela é levada depois a um procurador da República e, depois, ao PGR."

E prosseguiu: "Tudo isso é perda de tempo, perda de dinheiro público. Tudo isso é parte de uma estratégia para que esse procurador continue investigando as verdadeiras organizações criminosas que existem neste país."

Aras afirmou que tem sido comum a fishing expedition, prática de persecução penal especulativa. Falou que essa prática era "muito comum há algum tempo", em referência à Operação Lava Jato, mas que persiste em alguns espaços públicos.

"[Prática] Do indivíduo não gostar de você e inferir, num ato que possa ter várias interpretações, a pior de todas, aquela que possa ver um ato ilícito, algum crime, alguma coisa."

Ao agirem assim, disse o PGR, as pessoas comentem um desserviço e incorrem em crimes, inclusive de abuso de autoridade e contra a administração da Justiça.

"Eu não posso admitir fishing expedition porque, se eu fizer isso, o Estado e seus agentes que dispõem de tecnologias, de armas e outros equipamentos poderão estar, em vez de proteger, perseguindo o cidadão."

Na quarta (31), a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, enviou ao ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manifestação para que o magistrado rejeite um pedido apresentado por opositores de Bolsonaro no Senado.

Adversários do Palácio do Planalto pediram a Moraes a retirada do sigilo de possíveis diálogos entre Aras e os empresários investigados por suspeita de atos antidemocráticos no 7 de Setembro. O PGR é amigo de um deles, Meyer Joseph Nigri, com quem mantém contatos eventuais.

Lindôra disse que os congressistas não têm legitimidade para fazer o pedido, recorrem a uma prática de persecução penal especulativa, conhecida como fishing expedition, e promovem exploração eleitoral e midiática do caso.

A intenção dos parlamentares, segundo ela, "é se valer de conjecturas e ilações para iniciarem e conduzirem frentes investigatórias com espetacularização".

Na gravação, Aras defendeu ainda sua gestão e, principalmente, a atuação em investigações contra autoridades das diferentes esferas da administração pública com foro no Supremo e no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

"Não atuamos com escandalização de operações, de processos. Enquanto nós investigamos, nós temos o dever de não fazer condenações açodadas, temerárias. Após o oferecimento da denúncia, que é a ação penal, aí, sim, tudo é público", disse.

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