Descrição de chapéu Eleições 2022

Deputado bolsonarista hostiliza jornalista Vera Magalhães após debate em SP

Douglas Garcia integrava comitiva de Tarcísio, que disse repudiar postura de correligionário

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São Paulo

O deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) foi contido por seguranças ao fim do debate com candidatos ao Governo de São Paulo, na noite desta terça-feira (13), após partir para cima da jornalista Vera Magalhães com agressões verbais.

Candidato a deputado federal nestas eleições, Douglas fez parte da comitiva do ex-ministro e candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Ele se sentou ao lado da jornalista e, gravando com um celular, perguntou se ela recebeu dinheiro para falar mal do governo Jair Bolsonaro (PL). Repetindo um ataque feito pelo presidente durante debate entre candidatos ao Planalto no mês passado, disse que ela é "uma vergonha para o jornalismo".

Douglas Garcia após o debate em SP
Deputado Douglas Garcia discute com jornalista após o debate - Vera Magalhães no Twitter

No momento da confusão, Leão Serva, apresentador do debate realizado pela TV Cultura, Folha e UOL, intercedeu a favor de Vera. O jornalista pegou o celular do deputado e arremessou o aparelho.

Douglas, aos berros, questionou: "Por que você fez isso?". O deputado se retirou gritando "jornazistas".

Vera ficou abalada, foi escoltada por seguranças na saída e disse que registrará boletim de ocorrência. "Terei de sair escoltada do Memorial da América Latina por seguranças porque fui agredida pelo deputado Douglas Garcia", escreveu ela em rede social.

"Eu estava sentada na primeira fileira vendo meu celular. Vou registrar um boletim de ocorrência de ameaça contra o deputado Douglas Garcia", acrescentou. "Há centenas de testemunhas. Usou o convite do estafe de Tarcísio de Freitas no debate apenas para vir mentir, me acossar e ameaçar."

Leão Serva afirmou que a intenção do deputado visivelmente era "lacrar". "A única solução possível naquele momento era afastá-lo da ‘lacração’."

Tarcísio disse não ter visto o momento da confusão e criticou a postura do correligionário.

Em rede social, afirmou: "Lamento profundamente e repudio veementemente a agressão sofrida pela jornalista Vera Magalhães enquanto exercia sua função de jornalista durante o debate de hoje. Essa é uma atitude incompatível com a democracia e não condiz com o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa".

Questionado se manteria o nome do deputado na lista de pessoas que recebem credencial para entrar em debates, Tarcísio disse que iria analisar a situação.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) manifestou em rede social "total repúdio ao ataque covarde que a jornalista sofreu" e disse que ele partiu "de um sujeito que não representa os valores democráticos nem o povo de São Paulo".

O candidato Fernando Haddad (PT) também repudiou a atitude de Douglas, que chamou de ataque covarde. Para o petista, foi uma "clara tentativa de ataque à liberdade de imprensa, método bolsonarista de intimidação contra a democracia".

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede), candidata a deputada federal, afirmou que a escalada das agressões contra Vera é inadmissível.

"É assustador assistir a essas atitudes machistas e odiosas iniciadas por Bolsonaro. Seu bando precisa ser interditado e responsabilizado por seus atos violentos e antidemocráticos. Basta."

No mês passado, durante debate com candidatos à Presidência, Vera sofreu ataque machista de Jair Bolsonaro (PL) ao fazer uma pergunta sobre vacinação.

"Vera, eu não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse Bolsonaro, exaltado.

O presidente, depois, negou ter ofendido a jornalista.

Colaborou UOL

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