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Ato militar solene, juramento à bandeira segue protocolo; veja a regra

Em SC, bolsonaristas fizeram saudação semelhante à nazista durante ato; Promotoria investiga

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Gabriel Dias
São Paulo | UOL

Saudação nazista ou juramento à bandeira? A polêmica cena registrada em ato de São Miguel do Oeste (SC) viralizou nas redes sociais e foi alvo do MP-SC (Ministério Público de Santa Catarina).

Para muitos, o grupo com as mãos esticadas por não aceitar a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas e cantando o Hino Nacional diante de um tanque de guerra na entrada da base militar, é claramente uma referência à saudação nazista " Sieg Heil (salve a vitória)", usada nas décadas de 1930 e 1940 por seguidores de Adolf Hitler (1889-1945).

Fazer apologia ao nazismo é crime, conforme a lei nº 9.459/97. A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.

Mas, para outros, tratava-se, na verdade, de um juramento à bandeira.

Bolsonaristas fazem saudação semelhante à nazista em SC - Nsc Total no Twitter

A cerimônia de juramento à bandeira, no entanto, tem posições e protocolos diferentes da saudação nazista e é considerada um ato solene das Forças Armadas. Não basta apenas cantar o Hino Nacional.

Um decreto de 1966 que regulamenta a lei do Serviço Militar descreve que a posição de respeito à bandeira é com "o braço direito estendido horizontalmente à frente do corpo, mão aberta, dedos unidos e palma para baixo".

A posição seria diferente da vista em parte dos manifestantes no vídeo, que aparecem com o braço em um ângulo de 45 graus, mas não é possível assegurar isso.

O protocolo no juramento à bandeira indica ainda que o braço precisa estar apontado para uma bandeira central ou específica. No vídeo, os manifestantes parecem se dirigir à entrada do quartel, onde há um tanque de guerra.

Além disso, o juramento à bandeira não faz parte de cerimônias habituais de civis —é um ato solene nas Forças Armadas.

Ele implica na aceitação das obrigações e dos deveres militares por parte do juramentado, aplicável tanto àqueles dispensados do serviço militar inicial como —e principalmente— aos incorporados às Forças Armadas.

Investigação preliminar de grupo coordenado pelo MP-SC (Ministério Público de Santa Catarina) considera que o gesto registrado em vídeo durante a manifestação golpista não foi feito com a intenção de fazer apologia ao nazismo.

Conforme nota divulgada nesta quinta-feira (3) pelo MP-SC, o gesto realizado pelos manifestantes foi feito após eles serem conclamados pelo locutor do evento, um empresário local, a estenderem a mão sobre o ombro da pessoa da frente. Ou, se não houvesse, para que estendessem o braço, a fim de "emanar energias positivas".

Para chegar a tal conclusão, o Gaeco teria identificado manifestantes, analisado imagens e conversado com testemunhas dos atos, incluindo policiais e repórteres.

O relatório produzido pelo grupo será encaminhado para a 40ª Promotoria de Justiça de Florianópolis, para o eventual aprofundamento das investigações.

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