Eduardo Leite defende reposicionar PSDB e redistribuir poder no partido

Em Davos, governador do RS diz que SP 'era a força e a fraqueza' da legenda

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Davos (Suíça)

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), defende um reposicionamento do partido após as eleições de 2022, quando a legenda deixou de governar São Paulo depois de quase três décadas do tucanato no comando do estado.

"Nós temos um momento de crise para o partido, mas também de oportunidade", disse Leite, nesta terça-feira (17) em Davos, onde participa pela primeira vez do encontro anual do Fórum Econômico Mundial.

O governador, que assumirá a presidência nacional do PSDB, propõe "uma releitura e discussão das principais agendas, bandeiras e melhor distribuição política" da legenda. Uma nova configuração de poder que leve em conta lideranças emergentes como ele e os outros dois governadores tucanos recém-eleitos, Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS).

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em Davos - Eliane Trindade/Folhapress

"Temos três governadores eleitos, um no Nordeste, outro no Centro-Oeste e eu no Sul, com a responsabilidade de governar e também de promover essa discussão."

Segundo Leite, a pauta inclui agenda, programa e comunicação do partido com seu eleitorado. "Vamos trabalhar nessa linha para que a gente possa reposicionar o PSDB."

O fato de o partido ter perdido a disputa estadual em São Paulo abre espaço para essa redistribuição de poder, avalia Leite. "O Governo de São Paulo era a força e a fraqueza do PSDB. Naturalmente, era uma alavanca e uma âncora para o partido", diz.

"Uma força pelo tamanho populacional e econômico, mas, por outro lado, essa mesma relevância fazia o partido ficar muito centrado em São Paulo e menos distribuído em suas lideranças e direção em relação aos outros estados brasileiros."

Barrado em suas pretensões de se lançar à Presidência da República em 2022 pelo tucanato paulista, que apoiou Jair Bolsonaro (PL), o governador gaúcho é visto como uma terceira via para 2026, embora desconverse e diga que é cedo para falar em cenários futuros.

"Mais do que a minha ascensão pessoal, quero colocar o meu trabalho a serviço do fortalecimento de um centro democrático que tenha projeto e agenda para o país", afirma o gaúcho. "Temos uma situação de polarização observada na última eleição e entendo que um partido como o PSDB se posicione no centro, que não seja aquele centro que simplesmente gravita em torno do poder qualquer que seja o presidente."

No voo de São Paulo para Zurick, pela Swiss Airlines, a Folha flagrou Leite sendo cumprimentado por passageiros. Um jovem, em sua poltrona na classe econômica, parabéns o governador pela eleição e disse querer votar nele em voos mais altos em 2026.

"Muitas pessoas me dirigem esse recado, já que me envolvi nessa discussão já na última eleição. A cada uma delas, respondo: a política é dinâmica. É muito cedo."

No mesmo voo para a Suíça estavam a ministra Marina Silva (Rede), do Meio Ambiente, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), alojados na classe executiva.

Leite viajou a Davos por ser desde 2020 um Young Global Leader, comunidade de jovens líderes globais do Fórum Econômico Mundial. Participa do primeiro encontro anual em Davos com o cartão de visitas de governador e de líder global.

Além de se conectar com lideranças da América Latina e de outras regiões, o governador tem feito uma série de encontros bilaterais com CEOs e representantes de empresas. "Marquei algumas reuniões com empresários do setor de energia para situá-los sobre o projeto de implantar uma planta de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul."

Ao transitar por Davos, Leite tem sido alvo de questionamentos sobre o governo Lula. "Há muita curiosidade sobre como a nova administração do país vai se comportar sobre os temas ambientais, muito presentes no fórum", diz ele. "Mais do que questões sobre a economia, as pessoas de fora querem saber sobre instabilidade institucional e a crise climática."

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