Descrição de chapéu jornalismo Itamaraty

'Pivô disso tudo é Maduro', diz jornalista da Globo agredida durante entrevista em Brasília

Delis Ortiz afirmou que agentes de segurança estavam despreparados para evento

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São Paulo

A jornalista da TV Globo Delis Ortiz, agredida por agentes de segurança brasileiros durante uma entrevista coletiva improvisada do ditador Nicolás Maduro, atribuiu os ataques à falta de organização do evento e aos pedidos do venezuelano para restrição de espaço para a cobertura da reunião.

Maduro participou do encontro entre líderes da América do Sul, realizado no Palácio do Itamaraty e promovido pelo presidente Lula (PT). O objetivo do encontro era relançar um mecanismo de integração na região.

Em entrevista nesta quarta-feira (31) à Globonews, Delis disse ter se sentido assustada com a hostilidade dos seguranças, especialmente os brasileiros, que ela afirmou estarem "despreparados para esse tipo de evento".

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, fala com a imprensa após sair do encontro de líderes sul-americanos no Palácio do Itamaraty, em Brasília
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, fala com a imprensa após sair do encontro de líderes sul-americanos no Palácio do Itamaraty, em Brasília - Ueslei Marcelino - 30.mai.23/Reuters

"Por exemplo, o comitê de imprensa do Itamaraty, a imprensa brasileira foi retirada do comitê porque havia uma exigência da equipe de Maduro, que queria uma sala reservadíssima para eles. Foi um absurdo, foi um absurdo atrás do outro, e o pivô disso tudo, com certeza, é Maduro."

A jornalista detalhou a agressão sofrida, citando ter levado uma pancada acidental no pescoço de um segurança do ditador venezuelano e, em seguida, um soco intencional no peito desferido por um agente brasileiro, recrutado pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

"Eu levei o soco foi de um menino, que deve ter 18, 19 anos, que são recrutados, eles estão no serviço militar, e são recrutados pelo GSI, absolutamente despreparados pra esse tipo de evento. Eles entraram em pânico e, junto a isso, entraram no ritmo dos seguranças do Maduro", reiterou a jornalista.

Ao fim, afirmou que a imprensa brasileira não pode aceitar este tipo de tratamento. "Foi assustador, porque eu não estou fora do meu país, todo mundo conhece a gente, sabe o que a gente tava fazendo ali", concluiu Delis.

O ditador da Venezuela foi o último chefe estrangeiro a deixar o Itamaraty, na noite desta terça (30), após a reunião de líderes sul-americanos em Brasília, e parou para fazer declarações à imprensa, quando dezenas de jornalistas se aproximaram para ouvi-lo.

Ao deixar o local, ele seguiu respondendo a perguntas, momento em que as agressões começaram.

Pelo menos três jornalistas relataram agressões. Além de Delis, o repórter Sergio Roxo, de O Globo, foi arrastado pela roupa e depois imobilizado, e uma terceira profissional, Sofia Aguiar, da Agência Estado, disse ter sido empurrada por um segurança.

Pouco depois do ocorrido, o Itamaraty lamentou o episódio. "O Ministério das Relações Exteriores lamenta o incidente no qual houve agressão a profissionais de imprensa, ao final da reunião de presidentes da América do Sul. Providências serão tomadas para apurar responsabilidades."

Em nota, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República também repudiou a agressão. "Todas as medidas possíveis serão tomadas para que esse episódio jamais se repita", afirmou.

As agressões foram repudiadas pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).

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