Defesa de Mauro Cid diz que movimentação financeira tem amparo em patrimônio familiar

Coaf aponta 'movimentações atípicas' e 'incompatíveis' em contas de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

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Brasília

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid disse nesta segunda-feira (31) que todas as movimentações financeiras dele "são regulares e encontram amparo nas reservas financeiras e no patrimônio familiar" do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo os advogados de Cid, o patrimônio familiar do militar inclui imóveis adquiridos por meio de crédito com a Poupex —fundação que financia a aquisição de imóveis para militares— e outras instituições, além de bens que têm como origem a herança de sua esposa.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão de combate à lavagem de dinheiro, apontou "movimentações atípicas" e "incompatíveis", além de "indícios de lavagem de dinheiro", nas contas bancárias de Cid.

A informação foi revelada na semana passada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha.

O tenente-coronel Mauro Cid durante sessão da CPI do 8 de Janeiro - Pedro Ladeira- 11.Jul.23/Folhapress

O relatório de inteligência financeira aponta "movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente", além de "transferências unilaterais que, pela habitualidade, valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade".

Os dados foram enviados à CPI do 8 de janeiro, que investiga os ataques golpistas às sedes dos três Poderes.

O Coaf identificou ainda a ocorrência de "operações que, por sua habitualidade, valor e forma, configuram artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais".

O órgão também apontou "movimentações atípicas de recursos por agentes públicos".

O relatório de inteligência financeira destacou o envio de R$ 367.374,56 no dia 12 de janeiro para os Estados Unidos —onde Cid e Bolsonaro estavam desde o dia 30 de dezembro do ano passado.

Os advogados de Cid argumentaram, em nota, que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro já teve seu sigilo financeiro quebrado anteriormente. "Pela absoluta normalidade das transações, a autoridade policial não encontrou quaisquer indícios de ilegalidade e não procedeu com qualquer investigação nesse sentido", afirma o texto do escritório do advogado Bernardo Fenelon.

Ainda segundo os advogados, as movimentações financeiras noticiadas a partir do relatório do Coaf dizem respeito a resgate de investimentos para a quitação de contas familiares e aquisição de imóvel, além de empréstimo familiar e "transferência de patrimônio de sua conta no Brasil para conta de mesma titularidade nos Estados Unidos."

Todas as operações, afirma a defesa, foram devidamente declaradas.

"A defesa técnica requereu na semana passada acesso formal aos relatórios do Coaf que foram apresentados à CPMI e, assim que tiver acesso às cópias, apresentará uma petição para a presidência da comissão demonstrando a absoluta normalidade de todas as transações realizadas", disseram os advogados.

Em maio, Cid foi preso preventivamente no âmbito da investigação em torno da falsificação do cartão de vacinação dele, da esposa, da filha mais nova de Bolsonaro e do próprio ex-presidente. Ele está detido no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.

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