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PSD oficializa candidatura de Paes à reeleição no Rio e adia escolha de vice

Atual prefeito celebra aliança com políticos de esquerda e direita e diz que fase 'Dudu paz e amor' vai tirar férias

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Rio de Janeiro

O diretório municipal do PSD no Rio de Janeiro oficializou neste sábado (20) o nome do prefeito Eduardo Paes como candidato à reeleição no pleito de outubro. A confirmação ocorreu em uma convenção na sede do partido no centro da capital fluminense.

Paes esteve rodeado de políticos locais de diferentes ideologias que integram sua aliança —de representantes da esquerda até o deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (MDB).

O candidato a vice na chapa ainda não está definido, e a confirmação só deve ocorrer em agosto. O deputado federal Pedro Paulo (PSD) é o nome mais cotado até agora. O parlamentar teve momentos de protagonismo no evento deste sábado. Chegou a ouvir gritos de "é nosso vice" ao ser chamado para discursar.

Paes e aliados posam para foto de mãos dadas em convenção do PSD que confirmou candidatura do prefeito à reeleição no Rio
Paes e aliados posam de mãos dadas para foto em convenção do PSD que confirmou candidatura do prefeito à reeleição no Rio - Beth santos/Divulgação

A temporada das convenções partidárias começa neste sábado, dando início ao período de duas semanas para a formação do cenário eleitoral nas principais capitais brasileiras, incluindo o Rio.

"A decisão da executiva do PSD foi deixar [a escolha do vice] em aberto para que a gente construa mais alianças políticas. Óbvio que a escolha do vice também depende muito dessas conversas que vou fazer ao longo dos dias", afirmou Paes em entrevista a jornalistas.

A expectativa era a de que o anúncio do nome fosse mesmo postergado para evitar rupturas na base de apoio. O prefeito buscou montar uma aliança da esquerda à direita para tentar evitar a nacionalização da disputa.

Ele é apoiado pelo presidente Lula (PT). Enquanto isso, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), outro postulante ao Executivo carioca, pertence ao grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Essa aliança aqui é uma resposta para aqueles que acham que a política tem de se apequenar. Política não é sobre indivíduos. Não é sobre visões pessoais. É sobre o esforço de construir consensos a partir dos dissensos", declarou Paes no discurso que fechou a convenção do PSD.

O prefeito buscará o seu quarto mandato na administração carioca. Ele aproveitou o evento deste sábado para se antecipar a eventuais ataques de adversários, especialmente de Ramagem, sobre o tema da violência no Rio.

Paes procurou reforçar que a área de segurança pública é de competência estadual, e não da prefeitura.

"Vou debater tudo que vier a ser debatido nesta eleição. Mas a gente também vai apontar as responsabilidades para que as pessoas possam responder pelos seus atos", afirmou.

"Em 90% dos problemas desta cidade, podem culpar Eduardo Paes, culpa minha mesmo. Temos muita coisa para resolver ainda porque não resolvemos tudo. Mas não venham querer jogar na gente algo que até tentei cuidar, que foi a segurança pública", completou.

Em um dos trechos finais da fala, o prefeito prometeu subir o tom das declarações nas próximas semanas. "A partir de agora o 'Dudu paz e amor' vai tirar umas vacaciones [férias]", disse.

"Já estou naquela fase em que não aguento mais falarem de mim sem responder. Agora, [se] pau bater cá, vai bater lá também."

A escolha do vice

O deputado Pedro Paulo, cotado para a vaga de vice de Paes, é antigo aliado do prefeito. O parlamentar foi candidato, ainda pelo MDB, à prefeitura do Rio nas eleições de 2016. À época, Marcelo Crivella (Republicanos) foi eleito no segundo turno, derrotando Marcelo Freixo, então no PSOL.

O PT aceitou manter o apoio a Paes nas eleições de outubro, desde que ele considere aproximar ainda mais os petistas da próxima gestão, caso reeleito, apurou a Folha.

Paes e Lula têm trocado afagos em agendas públicas. Neste sábado, o prefeito voltou a elogiar o presidente, dizendo que ele vem trabalhando em conjunto pelo Rio. Lula já chamou o carioca de "possível melhor gerente de prefeitura que este país já teve".

Caso Paes seja reeleito em outubro e se torne candidato ao governo estadual em 2026, o vice-prefeito assumirá a chefia do Executivo carioca. Essa possibilidade é vista como um fator que aumenta o interesse pelo lugar na chapa.

Eduardo Cavaliere (PSD), deputado estadual e ex-secretário municipal da Casa Civil, ainda segue como postulante ao cargo.

A avaliação de integrantes da legenda, porém, é de que seu nome ainda não é forte o suficiente para assumir a prefeitura, na hipótese de Paes concorrer ao governo estadual daqui a dois anos.

Pedro Paulo e Cavaliere estiveram na convenção deste sábado. Cavaliere não discursou.

Na entrevista a jornalistas, Paes foi questionado pela Folha se o futuro companheiro de chapa estava na convenção. "Não sei, pode ser", despistou o prefeito. Pessoas que estavam próximas deram risada.

"Para ser honesto, a minha escolha mesmo não está aqui neste espaço, que é a senhora minha mãe", brincou Paes.

O prazo para as definições das convenções partidárias segue até 5 de agosto. O registro das candidaturas, depois, vai até o dia 15.

Pesquisa do Datafolha divulgada no início de julho apontou Paes na liderança isolada da corrida eleitoral do Rio, com 53% das intenções de voto. Tarcísio Motta (PSOL), com 9%, e Ramagem, com 7%, apareceram depois, tecnicamente empatados.

Convenção tem troca de ironias em clima amistoso

A convenção que confirmou o nome de Paes teve direito a troca de ironias em clima amistoso entre os deputados federais Otoni de Paula (MDB) e Jandira Feghali (PCdoB), que integram campos opostos na política nacional. Ele tem o nome vinculado a Bolsonaro, enquanto ela apoia Lula.

A interação entre os dois começou quando Jandira abriu seu discurso de saudação a Paes com citações a lideranças políticas presentes na convenção. Inicialmente, a deputada não mencionou o nome de Otoni, que estava atrás dela.

Foi então que o parlamentar disse para a colega que também estava presente no local. "Não vi você, Otoni. Não tinha visto", respondeu Jandira.

Mais tarde, foi a vez de Otoni discursar: "Estou rodeado de amigos, colegas petistas, PCdoB. Aliás, preciso sair daqui e fazer uma forte oração depois", disse o parlamentar. "Jandira, meu amor, estou brincando", acrescentou.

Ela respondeu que teria de fazer o mesmo. A interação arrancou risos dos presentes.

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