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Post espalha erroneamente que atentados contra Trump e Bolsonaro foram forjados

Conteúdo publica foto dos políticos atingidos e trecho da novela 'O Bem Amado', de 1973

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São Paulo

O ataque a tiros contra Donald Trump em 13 de julho provocou uma onda de desinformação nas redes sociais, como ocorreu quando Jair Bolsonaro (PL) foi atingido por uma facada durante a campanha eleitoral de 2018. Um dos conteúdos enganosos, com a legenda "O golpe", usa imagens dos ex-presidentes atingidos e um trecho da novela "O Bem Amado", da TV Globo, de 1973, para afirmar que os tiros e a facada foram forjados —no dia do atentado contra o republicano, o deputado federal André Janones (Avante-MG) fez um post na mesma linha, dizendo que era tudo armação. Na cena, o personagem Odorico Paraguaçu, prefeito da cidade fictícia Sucupira, planeja um falso ataque contra ele mesmo em busca de apoio dos eleitores.

Não há evidências de que o atentado contra Trump tenha sido forjado, como verificado pelo Comprova. O republicano, que foi presidente dos Estados Unidos entre 2017 e 2021, entrou na disputa novamente e, durante um comício em 13 de julho, em Butler, na Pensilvânia, foi atingido de raspão na orelha (não se sabe se por uma bala ou estilhaços). Ele saiu do palco em que discursava cercado por seguranças e com sangue no rosto. O atentado deixou outras vítimas – duas pessoas morreram (o autor dos disparos entre elas) e outras duas ficaram feridas.

Trump, homem branco de cabelo loiro, está cercado por três seguranças. É possível ver seu rosto com um fio de sangue na bochecha direita e ele erque a mão direita com os punhos cerrados. Ao fundo, céu azul sem nuvens. No canto inferior esquerdo, uma placa roxa com o escrito: "Pennsylvania to 88022 - TRUMP - great again", referindo-se ao slogan Make America Great Again, que não aparece por completo na imagem.
Donald Trump é retirado de comício depois do atentado, em 13 de julho - Anna Moneymaker - 13.jul.2024/Getty Images via AFP

O FBI divulgou que o responsável pelos tiros foi Thomas Matthew Crooks, de 20 anos. Ele trabalhava como auxiliar de cozinha e foi morto no local do atentado por um agente do Serviço Secreto dos Estados Unidos. O FBI conseguiu acesso ao celular do atirador e está em busca de informações sobre o que motivou o crime. Além disso, cerca de 100 pessoas já foram entrevistadas. A investigação continua em andamento.

Já o caso da facada em Bolsonaro, ocorrido há seis anos, foi finalizado no mês passado pela Polícia Federal, que concluiu que Adélio Bispo agiu sozinho. Era 6 de setembro de 2018 e o então candidato à Presidência fazia uma caminhada com apoiadores no centro de Juiz de Fora, em Minas Gerais, quando Adélio, então com 40 anos, lhe deu uma facada. Como o Comprova já mostrou, ele tentou fugir após o ataque, mas foi impedido pelas pessoas no local e, posteriormente, levado à PF, que o autuou em flagrante pelo crime.

À época, mesmo com diversas imagens do ataque, captadas de ângulos diferentes, uma das teorias enganosas era a de que Bolsonaro tinha um câncer no estômago e o ataque teria sido simulado, para que ele fosse operado sem que a doença fosse descoberta. O médico Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, responsável pela cirurgia decorrente da facada, realizada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, negou que ele tivesse câncer. Desde então, o ex-presidente já foi operado ao menos quatro vezes para tratar complicações da facada.

O perfil que publicou o conteúdo foi procurado, mas não respondeu até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

POR QUE INVESTIGAMOS

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99581-6340 ou pelo email folha.informacoes@grupofolha.com.br.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por Folha e O Popular e publicada em 18 de julho pelo Comprova, coalizão que reúne 42 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Estadão, Correio Brasiliense, SBT, SBT News, Terra, A Gazeta e Imirante.

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