O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) reafirmou durante sua participação no ciclo de sabatinas promovido por Folha e UOL, nesta segunda-feira (9), que há indícios de fraude na eleição na Venezuela, mas evitou endossar o termo ditadura para se referir ao país do ditador Nicolás Maduro.
Após se declarar um defensor da democracia, Boulos foi questionado sobre em que momento a esquerda brasileira mudaria sua posição sobre o governo venezuelano.
"Eu, como membro da esquerda, me posicionei dizendo que a eleição do Maduro está cheia de suspeitas de fraude e que, portanto, o governo não tem legitimidade", afirmou, acrescentando que o presidente Lula (PT), seu apoiador, "não reconheceu o governo do Maduro" após a tentativa de reeleição.
A sabatina, destinada a tratar dos temas de São Paulo e das propostas dos candidatos para a cidade, foi conduzida por Fabíola Cidral, ao lado dos entrevistadores Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, editor de Cotidiano da Folha.
Demonstrando contrariedade com a abordagem do tema do país vizinho, Boulos evitou comentar diretamente a afirmação de Landim de que a Venezuela é uma ditadura, a partir do exemplo de que um candidato opositor teve que se exilar após sofrer ameaças.
"A Venezuela está a 4.000 quilômetros de São Paulo", disse. "Minha posição sobre a Venezuela, assim como a de boa parte dos representantes da esquerda brasileira, já foi firmada de maneira muito clara, muito enfática inclusive."
Ele reiterou que sua intenção durante a campanha a prefeito é discutir questões locais e problemas que afetam diretamente a vida dos paulistanos. Ao falar de suas propostas, sinalizou disposição de zerar as filas na saúde e descartou repetir ações de Fernando Haddad (PT) para reduzir a velocidade no trânsito.
Boulos usou o assunto para atacar seus adversários, repetindo críticas que tem feito ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia o postulante à reeleição. Para o deputado, seus rivais bolsonaristas não têm autoridade moral para questioná-lo sobre o tema.
"A extrema direita que tentou dar golpe no 8 de janeiro e candidato que acha que o 8 de janeiro não foi golpe não tem autoridade moral para falar a respeito de democracia. Eu tenho, eles não têm", disse.
Como mostrou a Folha, Boulos recuou no apoio à Venezuela ao longo desta campanha eleitoral.
O membro do PSOL, que já disse considerar que nem Venezuela nem Cuba seriam ditaduras, agora afirma que a Venezuela não é seu "modelo de democracia" e, diante de perguntas nas últimas semanas, declarou que há indícios suficientes para dizer que houve fraude eleitoral no pleito recente no país.
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