Goiás inova na sala de aula e vira referência em educação no país

Rede estadual cria material didático que mira as dificuldades dos estudantes

Ocimara Balmant
São Paulo

A cada dois meses os alunos passam por uma avaliação. A partir do resultado da prova, recebem um livro de exercícios com foco nos conteúdos em que tiveram mais dificuldade. Além do material impresso, têm acesso a videoaulas e jogos educacionais em uma plataforma virtual customizada. Por um aplicativo, os pais acompanham toda a evolução em tempo real, pelo celular. 

Não se trata de um colégio particular ligado nas inovações tecnológicas. Essa será a rotina pedagógica em 2018 dos mais de 500 mil alunos da rede estadual de Goiás, espalhados por 1.152 escolas.

Alunos leem o caderno Aprender + no Colégio Estadual José Peixoto, em Nova Veneza (GO);
Alunos leem o caderno Aprender + no Colégio Estadual José Peixoto, em Nova Veneza (GO) - Mônica Salvador/Seduce Goiás/Divulgação

“Os melhores sistemas educacionais do mundo, além da capacitação do professor, investem em material didático estruturado, produzido de acordo com o potencial, a demanda e o direito cognitivo de cada faixa etária. É isso que buscamos fazer”, explica a secretária estadual de educação de Goiás, Raquel Teixeira.

Era ela também a responsável pela pasta no início dos anos 2000, quando Goiás apresentava um dos mais altos índices de repetência e evasão do país e tinha apenas 32% dos docentes com curso superior. Numa parceria à época com o Instituto Ayrton Senna, a gestão conseguiu acelerar o fluxo e implementar um programa de licenciatura aos docentes.

Desde então, o estado se tornou referência em alguns parâmetros de educação. No último resultado do Ideb —indicador que une o percentual de aprovação e médias de desempenho na Prova Brasil— a rede garantiu a 2ª colocação nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º anos), a primeira nos anos finais do fundamental (6º ao 9º anos) e o segundo lugar no ensino médio.

Olhar local 

Tratar dentro de casa e com os profissionais de casa os problemas que são de casa. Essa foi a fórmula encontrada para engajar os 23,5 mil docentes da rede ao uso da que é considerada a principal ferramenta pedagógica: os cadernos Aprender +.

O material é distribuído a cada bimestre com ênfase no conteúdo em que os estudantes mais apresentam dificuldade. O livro dos alunos traz um compilado de atividades e o do professor, as expectativas de aprendizagem e todos os exercícios resolvidos.

“Quando decidimos produzir o Aprender +, havia uma preocupação em relação a como professores e diretores entenderiam a iniciativa”, afirma o superintendente de Gestão Pedagógica da pasta, Marcelo Jerônimo. “Concebida pelos próprios pares, o resultado foi o engajamento de mais de 90% dos nossos professores”.

VESTIBULAR

Gleyson Souza da Costa, 17, aproveitou o material para estudar para o vestibular. Morador de Rio Verde, município a 230 km de Goiânia, ele cursou a educação básica na rede pública e foi aprovado no fim do ano passado no curso de engenharia do Instituto Federal Goiano.

“Como o material é muito prático e deixa bem explícitas as competências a serem trabalhadas, o professor consegue acelerar os conteúdos”, afirma o estudante.

Lays Toledo e seu filho Bruno Toledo usam o aplicativo Palma da Mão
Lays Toledo e seu filho Bruno Toledo usam o aplicativo Palma da Mão - Divulgação/ Seduce Goiás

A secretaria enxerga essa percepção de Gleyson como uma resposta positiva a um projeto que prevê “uma escola que faça sentido ao jovem”.

“A escola não pode ficar distante da realidade que os meninos vivem”, afirma a superintendente de Integração Tecnológica da Informação, Rosana Cerosino.

Sob a batuta dela é que foi desenvolvido o aplicativo Palma da Mão, disponível a partir deste ano letivo. O objetivo é que pais e alunos tenham acesso a informações gerais, como boletim escolar, faltas, cardápio, quadro de avisos e até compartilhamento de material didático. 

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