Instalado no centro histórico do Recife, o Porto Digital já é o mais relevante parque tecnológico urbano do Brasil, com faturamento anual de R$ 1,7 bilhão. Planeja, porém, triplicar esse valor num prazo de sete anos.

A meta é ousada. A fórmula da expansão —que faz sentido apenas em um ecossistema propício à conexão de empresas e ao agrupamento de talento de capital humano— é amarrada num tripé bem simples de compreender: atração de gigantes nacionais e multinacionais, instalações de centros globais de inovação e fortalecimento de startups.

O presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, afirma que, em 2025, 20 mil pessoas estarão trabalhando no parque tecnológico. Hoje, são 9.000 funcionários distribuídos em 304 empresas e organizações.

Gigantes como Fiat Chrysler, IBM, Unilever, Uber e Accenture, entre outros, já deram as caras por lá.

A Fiat instalou ali um centro global de inovação, o Software Center. Cem colaboradores trabalham no desenvolvimento de soluções automotivas para controle de motores e transmissão. Existem apenas seis centros de engenharia em toda América Latina.

O coordenador do Software Center, Paulo Henrique Giudice, explica a escolha. “Optamos por nos instalar aqui por ser uma área de total inovação. A partir daqui, trabalhamos maneiras de otimização de combustível e funcionamento de câmbio.”

ESPAÇO

Para caber tanta empresa nesse território de confluência, o Porto Digital, que já restaurou 84 mil metros quadrados de edifícios históricos na área central da capital pernambucana, precisou de mais espaço. Além do Bairro do Recife, há empreendimentos nos bairros de Santo Antônio, Santo Amaro e São José.

Um exemplo é o Instituto Senai de Inovação para Tecnologia da Informação e Comunicação, que está em operação há três anos, mas passará a ocupar um prédio de 20 mil metros quadrados em Santo Amaro. 

Foram investidos R$ 53 milhões no novo edifício. Apesar de haver 25 unidades do instituto espalhadas pelo Brasil, “essa aqui, no Porto Digital, é a única de TI e comunicação”, afirma o diretor da unidade, Sérgio Soares.

Grande parte dos projetos demandados é de fora de Pernambuco. A partir do Recife, há desenvolvimento de tecnologias para a GM e a Siemens, por exemplo.

O presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, ressalta que, há dois anos, o momento foi muito difícil. 
“O ano de 2016 foi bastante complicado. O fluxo de caixa ficou comprometido. Mas, na crise, os setores produtivos vão buscar eficiência produtiva na tecnologia da informação”, afirma.

Além de criar ambiente acolhedor para instalação de centros globais de inovação, o desenvolvimento de startups ganhou relevo no processo de crescimento do parque tecnológico.

A In Loco Media, empresa pernambucana que surgiu no Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco e depois foi incubada no Porto Digital, é avaliada hoje em US$ 150 milhões (R$ 501 milhões) e fatura R$ 60 milhões por ano. Com soluções baseadas em localização, cerca de 30 vezes mais precisa do que o GPS, por exemplo, o grupo tem na cartela de clientes marcas mundialmente famosas como McDonald’s, Coca-Cola, BMW, Pizza Hut e Jeep, entre outras.

O diretor de Parcerias Estratégicas, Pedro Souza, justifica o crescimento. “O ambiente proporciona visibilidade e troca com as outras empresas do parque. São dois pontos importantes que, combinados, geram negócios.” 

1,7 bilhão de reais é o faturamento anual do parque tecnológico Porto Digital

84 mil metros quadrados de edifícios históricos já foram restaurados pelo Porto Digital no Recife