Descrição de chapéu Desafios do Ensino Superior

Gestores debatem modelo de financiamento mais eficiente na universidade pública

Em seminário, especialistas divergiram sobre a cobrança de mensalidades em instituições públicas

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Plateia assiste a debate no seminário Desafios do Ensino Superior, no teatro da Unip, em São Paulo
Plateia assiste a debate no seminário Desafios do Ensino Superior, no teatro da Unip, em São Paulo - Reinaldo Canato/Folhapress
Leonardo Neiva Beatriz Maia
São Paulo

Adotar um modelo mais eficiente para financiar as universidades públicas e inserir uma parcela maior da população no ensino superior estão entre os principais desafios para a educação do país. O diagnóstico é consenso, como fazer isso nem tanto.

Gestores e economistas que debateram o tema no seminário Desafios do Ensino Superior, na quarta-feira (26), concordaram sobre a necessidade de ampliar programas de financiamento estudantil como Fies e Prouni (veja glossário na página ao lado).

A discordância surge quando o tema envolve a cobrança de mensalidades em instituições públicas, medida que foi defendida por Sergio Firpo, professor do Insper, e Paulo Meyer, pesquisador do Ipea. 

Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, é contra. Cobrar, segundo ele, colocaria em risco o projeto de universidade pública e não resolveria o problema. Mesmo em instituições muito caras, como o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA), o dinheiro das mensalidades representa só 10% do orçamento.

Antes pouco do que nada, contrapôs Firpo. “Em um momento de crise, qualquer ajuda seria válida, ainda que não desse conta de financiar tudo.” 

Professor titular da Cátedra Instituto Unibanco no Insper, Firpo acha que alunos que podem pagar deveriam fazê-lo. Formado em economia pela Unicamp, ele usou a si mesmo como exemplo. 

Paulo Meyer, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, não quis arriscar estimativas sobre o impacto no orçamento das universidades, mas disse que há argumentos econômicos sólidos a favor da cobrança.

De acordo com o Plano Nacional de Educação, só 18% dos brasileiros entre 18 e 24 anos estão atualmente matriculados no ensino superior. Para aumentar a inclusão, um bom caminho seria ampliar programas como Prouni e Fies, concordaram os palestrantes. 

Daniel Castanho, fundador do Ânima Educação, grupo privado de ensino superior com 95 mil alunos, defendeu incentivos, como a oferta de bolsas e financiamentos em condições melhores para alunos com bom desempenho.

Para Janguiê Diniz, presidente do grupo Ser Educacional, organização privada de ensino superior que tem mais de 150 mil estudantes, as novas regras do Fies dificultaram o acesso ao financiamento.

Segundo ele, enquanto o modelo anterior tinha vagas ilimitadas e atendia pessoas com renda familiar de até 20 salários mínimos, agora oferece 100 mil vagas para renda per capita de até três salários.

E nem sempre basta financiar a mensalidade, declarou Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp (sindicato das mantenedoras de instituições de ensino superior de São Paulo). 

“O aluno de família de baixa renda arca com locomoção, alimentação, materiais e demandas como ir a um cinema com os colegas. Por isso muitos desistem”, afirmou.

O evento foi promovido pela Folha, com patrocínio da Unip e mediação de Sabine Righetti e Paulo Saldaña.

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