Descrição de chapéu 2º Fórum Saúde Suplementar

Clínicas populares surgiram de deficiências do SUS e dos planos, diz médico

Remuneração do médico e falta de informatização estão entre principais problemas para sistema brasileiro

Emilio Puschmann, fundador e copresidente da Amparo Saúde; Salomão Rodrigues, coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar do Conselho Federal de Medicina; Mara Redigolo, cofundadora do aplicativo de saúde Dandelin, e o mediador Felipe Gutierrez
Emilio Puschmann, fundador e copresidente da Amparo Saúde; Salomão Rodrigues, coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar do Conselho Federal de Medicina; Mara Redigolo, cofundadora do aplicativo de saúde Dandelin, e o mediador Felipe Gutierrez - Reinaldo Canato / Folhapress
Everton Lopes Batista
São Paulo

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As clínicas populares, alternativas para quem não tem plano de saúde ou não quer recorrer ao SUS, surgiram devido a falhas dos sistemas público e privado de saúde do país, segundo o médico Salomão Rodrigues, coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar do Conselho Federal de Medicina.

Baixa remuneração e desvalorização do médico —frutos de uma visão mercantilista que predomina no setor e que leva o médico a receber cada vez menos e trabalhar mais horas do que antigamente— estão entre as principais deficiências da saúde brasileira, diz Rodrigues.

Falta diálogo entre as partes do sistema de saúde, principalmente entre médicos e administradoras de planos de saúde. “O sistema só vai ter seus problemas sanados se houver parceria”, afirmou durante o 2º fórum Saúde Suplementar, realizado pela Folha nesta quarta-feira (5), em São Paulo.

“A operadora de saúde não aprendeu a cultivar uma boa relação com o médico. Ela precisa entender que, se o paciente fica satisfeito com o atendimento, quem fez isso acontecer foi o médico, e esse profissional é o cliente da operadora.”

Parte dos desperdícios motivados pelos numerosos pedidos de exames também são responsabilidade das operadoras, que não disponibilizam um histórico informatizado do paciente para o médico, forçando assim o pedido de novos testes, de acordo com Rodrigues.

Para Emilio Puschmann, fundador e copresidente da Amparo Saúde, as clínicas populares nasceram com motivo nobre, mas hoje têm conflitos de interesses profundos. Um deles é o fato de muitas dessas clínicas realizarem os exames pedidos pelos seus próprios médicos, como forma de aumentar lucros.

“As clínicas populares não devem fazer exames nem incentivar os pacientes a usarem qualquer especialidade sem orientação”, disse Puschmann.

A Amparo oferece assinatura para consultas médicas, nos modelos de serviços de streaming de vídeo como Netflix. O cliente paga um valor mensal para ter acesso a consultas com profissionais de medicina da família (médico, enfermeiros e equipe multidisciplinar). As mensalidades custam a partir de R$ 49, e os exames têm preço de custo, segundo o executivo.

Novos modelos de negócios, como o da Amparo, são sinal de mudanças comportamentais na sociedade, de acordo com Mara Redigolo, cofundadora do aplicativo de saúde Dandelin. A plataforma também funciona como um serviço de assinaturas para consultas, em que o custo de todas as consultas realizadas é rateado mensalmente entre todos os assinantes. O valor, porém, nunca é superior a R$ 100, e o excedente, se houver, é assumido pelo aplicativo.

Segundo Mara, o aplicativo traz de volta um senso de comunidade há muito tempo perdido e mostra que é possível buscar soluções fora dos métodos tradicionais.

O evento, promovido pela Folha, foi patrocinado pela administradora de benefícios Qualicorp e o sistema cooperativo de saúde Unimed, e teve apoio da Anab (Associação Nacional das Administradoras de Benefícios) e da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar).

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