Descrição de chapéu Internet das Coisas

Cidades de SP vão ganhar sensor de enchente e câmera que reconhece crime

Projetos selecionados por programa do BNDES serão desenvolvidos na capital e em Campinas

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Áreas das cidades de São Paulo e de Campinas (a 93 km da capital paulista) se tornarão laboratórios para a aplicação da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) na segurança pública.

Projetos do LSI-TEC (Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico) e do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), localizados respectivamente em São Paulo e em Campinas, foram selecionados pelo programa BNDES Pilotos IoT, que destina recursos a pesquisas envolvendo essa tecnologia nas áreas de saúde, rural e cidades (caso das instituições paulistas).

No total, cinco pilotos foram escolhidos no âmbito de cidades e receberão de R$ 1,5 milhão a R$ 3 milhões, durante os dois anos do programa. 

De acordo com o banco, já passada a seleção, “os projetos foram formalmente enquadrados e entram na tramitação ordinária dos pleitos de apoio financeiro do BNDES”. 

As pesquisas das instituições, iniciadas antes mesmo do BNDES Pilotos IoT, envolvem câmeras inteligentes e sensores, que serão instalados em postes, carros e casas.

O LSI-TEC desenvolve uma família de plataformas de “single board computer” (computadores que cabem em uma única placa), com diferentes potenciais de processamento, capazes de “dar” inteligência a objetos como câmeras, sensores e semáforos.

Isso acontece por causa da chamada computação de borda, propiciada por esses componentes. Nesses casos, o processamento de dados acontece no mesmo local onde eles são gerados. Ou seja, uma câmera não apenas registraria um assalto, mas interpretaria que se trata de um crime.

Essa informação, então, já chegaria “mastigada”, pela internet, a uma central de operações, que acionaria as forças policiais —não seria necessário que um agente ficasse plantado em frente a uma tela monitorando o movimento.

“A ideia é que a gente faça um compartilhamento desses dados. Com a vigilância compartilhada, a gente pode ter mais segurança”, diz Laisa Costa, coordenadora de projetos no LSI-TEC e pós-doutoranda na Poli-USP. O laboratório conta com a parceria de órgãos públicos e privados, que serão os destinatários das informações coletadas.

O programa de “single board computer” do laboratório foi batizado de caninos loucos, em homenagem a Jon “Maddog” Hall —“mad dog” significa cachorro louco—, uma das maiores autoridades mundiais no sistema operacional Linux e conselheiro do projeto.

“O nosso diferencial é o uso de eletrônica nacional. As plataformas são abertas, para que outras empresas possam modificá-las. A ideia, com isso, é ganhar escala”, afirma Laisa.

A tecnologia também poderia ajudar na integração da malha de aparelhos já existente. “A mesma câmera pode servir a mais de um propósito. Atualmente, a que multa não serve para rastrear um veículo roubado”, afirma Maurício Casotti, gerente de desenvolvimento de negócios em cidades inteligentes do CPqD.

Em Campinas, também entrariam em cena sensores de nível instalados em rios, capazes de detectar uma enchente. Com essa informação e uma conexão entre os diversos serviços da cidade, seria possível desviar o transporte público dessa rota, por exemplo.

“Segurança pública é muito mais do que segurança em termos de crimes. É segurança do cidadão”, afirma Maurício.

Se a adoção da IoT na segurança pública está no começo, na particular já é realidade, segundo o consultor Waldemar dos Santos.

De acordo com ele, em agências bancárias, por exemplo, a tecnologia já conecta câmeras, caixas eletrônicos, travas e máquinas de fumaça.

Uma das instituições bancárias do país, diz Waldemar, tem 120 mil câmeras e 450 mil sensores ativos espalhados por agências. Tudo comandado por uma única central de monitoramento.

Com o uso em larga escala da tecnologia em câmeras e sensores, “você começa a dar respostas rápidas, criando dificuldades para os criminosos”, diz o coronel José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública.

Mas isso vai exigir preparo e formação dos policiais. “O grande armamento passa a ser a informação”, afirma.

José Vicente defende ainda, em nome da privacidade, um “controle restrito” dos dados gerados pelos equipamentos.

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