Descrição de chapéu Indústria 4.0 tecnologia

Quarta revolução industrial pede formação multidisciplinar

Para especialistas, além de acesso à tecnologia, é preciso saber interpretar os dados

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São Paulo

O diálogo entre tecnologia e demais áreas do conhecimento foi apontado por especialistas como uma competência importante para os profissionais da chamada indústria 4.0, ou quarta revolução industrial. O conceito envolve a aplicação de tecnologia de dados e de automação para aumentar a eficiência e a produtividade nas empresas.

Jornalista Alexa Salomão e participantes do Seminário Indústria 4.0, produzido pela Folha com patrocínio da Embratel
Jornalista Alexa Salomão e participantes do Seminário Indústria 4.0, produzido pela Folha com patrocínio da Embratel - Keiny Andrade/Folhapress

Para José Renato Sátiro Santiago Júnior, professor e consultor da Fundação Vanzolini, é necessário que profissionais da área de humanas e da saúde dialoguem com engenharia de dados e computação aplicada. "Há muitas questões humanas que contribuem com a indústria 4.0", afirma.

Isso porque, além de compreender a linguagem técnica necessária para manejo da tecnologia, será preciso aplicar conhecimentos específicos de cada área ou empresa.

De acordo com levantamento feito pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), até 2024, a procura por profissionais na área de tecnologia da informação será de 420 mil pessoas. No entanto, segundo a entidade, o Brasil forma 46 mil profissionais da área por ano.

Além de conhecimento técnico, habilidades analíticas e criativas farão parte das novas demandas. Formação e capacitação para a quarta revolução industrial foram temas debatidos pelos especialistas que participaram do seminário Indústria 4.0. O evento, promovido pela Folha, foi realizado na última quarta-feira (27), com mediação da jornalista Alexa Salomão.

Responsável pela Coordenadoria de Ensino Tecnológico do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), Eduardo Luiz Machado afirma que a formação multidisciplinar deve começar na educação básica e estimular a criatividade.

"Muitas das profissões que vamos ter em dez anos ainda não existem e vão exigir profissionais cada vez mais criativos", diz ele.

Machado aponta falhas no sistema educacional, que carece de investimento para estimular o interesse e o desenvolvimento integral dos alunos.

Uma pesquisa do Sesi (Serviço Social da Indústria) e do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) realizada com 2.000 estudantes do ensino médio mostra que 17% dos alunos já consideraram abandonar os estudos.

O principal motivo apontado foi a necessidade de trabalhar. O emprego pesa mais na decisão de sair da escola para 36% dos meninos e para 21% das meninas. O levantamento foi executado pelo Instituto FSB Pesquisa.

Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai, vê na reforma do ensino médio uma oportunidade para estimular competências técnicas e socioemocionais nos adolescentes. A proposta aumenta a carga horária na escola e inclui ensino profissionalizante no currículo.

Na visão do especialista, a formação para o futuro passa pela criação de políticas públicas com investimento em pesquisa e inovação, que mantenham diálogo com o setor privado. "O Brasil precisa ir para o divã e descobrir o que é moderno", diz.

Neste mês, o Congresso Nacional aprovou projeto que retira recursos previstos para o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações). O corte afeta em 99% o orçamento de programas de ciência e tecnologia, que seria de R$ 655,4 milhões e caiu para R$ 7,2 milhões.

Diretor industrial na Robert Bosch Ltda, Julio Monteiro afirma que o diálogo entre indústria e ensino profissional, universitário e técnico pode ter bons resultados.

"Os alunos vêm com ideias diferentes de como nós pensamos no nosso dia a dia. Temos ali ideias que podem ser transformadas em projetos para resolução de problemas complexos", diz o executivo.

Quando questionados sobre quais profissões indicariam para seus filhos, Eduardo Luiz Machado, do IPT, e Julio Monteiro, da Bosch, sugeriram engenharia mecatrônica. Já Santiago, da Fundação Vanzolini, diria ao filho para ser "estudante a todo momento".

O conselho de Lucchesi​, do Senai, é seguir a vocação e trilhar um caminho que preze pelo protagonismo, independentemente da área de atuação escolhida.

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