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Facebook está sob investigação nos EUA por ser um risco a jovens

Coalizão examina como empresa usa Instagram para influenciar crianças e adolescentes

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Hannah Murphy
San Francisco | Financial Times

Uma coalizão bipartidária de secretários estaduais de Justiça dos Estados Unidos está investigando como o Facebook influencia jovens usuários em seu aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram, e os potenciais danos que isso pode causar.

Pelo menos nove estados estão examinando se o Facebook violou leis estaduais de proteção ao consumidor e "colocou o público em risco" ao promover o Instagram para crianças e jovens adultos, "apesar de saber que esse uso é associado a danos à saúde física e mental", segundo Maura Healey, secretária de Justiça de Massachusetts.

A investigação se concentra particularmente nas técnicas usadas pelo Facebook —que recentemente modificou o nome de sua companhia matriz para Meta— para aumentar a frequência e a duração do tempo que os jovens passam no app.

"Hoje participo da liderança de uma coalizão nacional para ir ao fundo do envolvimento dessa companhia com jovens usuários, identificar quaisquer práticas ilegais e terminar com esses abusos de uma vez", disse Healey em um comunicado. "A Meta não pode mais ignorar a ameaça que a rede social pode apresentar para crianças em benefício de seus resultados financeiros".

Logo do Instagram em uma tela de tablet - Kirill Kudryavtsev - 18.nov.2021/AFP

Entre os secretários de Justiça envolvidos estão os da Califórnia, Flórida, Kentucky, Nebraska, Nova Jersey, Nova York, Tennessee e Vermont.

A investigação ocorre depois que uma reportagem do The Wall Street Journal, com base em documentos vazados pela informante do Facebook Frances Haugen, mostrou que a pesquisa interna da companhia tinha descoberto que o Instagram tinha um efeito misto sobre a saúde dos jovens —algo que a empresa se recusou a admitir publicamente.

Enquanto alguns usuários que sofrem de solidão relataram uma experiência positiva ao usar o Instagram, por exemplo, também se descobriu que o app aumenta a preocupação das meninas adolescentes com sua imagem corporal.

Os documentos, vistos em forma editada pelo Financial Times, também revelam que o ritmo de crescimento do Facebook entre usuários em mercados chaves como os EUA está diminuindo. Os jovens usuários estão passando menos tempo no Instagram e produzindo menos conteúdo, atraídos por rivais como o app de vídeos TikTok. O Facebook anteriormente contestou a apresentação de sua pesquisa pelo Journal.

O Facebook disse na quinta-feira (18): "Essas acusações são falsas e demonstram uma profunda incompreensão dos fatos. Enquanto os desafios para proteger os jovens online impactam toda a indústria, nós lideramos a indústria no combate ao bullying e apoiando pessoas que lutam com ideias suicidas, automutilação e distúrbios alimentares".

A companhia acrescentou que está construindo "novas funções para ajudar as pessoas que podem estar enfrentando comparações sociais negativas ou problemas com a imagem corporal" e novos controles de supervisão parental.

Pedidos para melhorar as salvaguardas para crianças nos apps de rede social ganharam força neste ano. Em uma audiência na Câmara dos Deputados dos EUA, Mark Zuckerberg, executivo-chefe do Facebook; Jack Dorsey, do Twitter; e Sundar Pichai, executivo-chefe do Google, enfrentaram diversas acusações de que suas plataformas são deliberadamente projetadas para viciar os jovens cedo, rastrear crianças online expô-las a conteúdo tóxico e predadores.

O Facebook suspendeu em setembro planos de lançar o Instagram Kids, versão do app para menores de 13 anos, depois de uma reação do público, de congressistas e de uma coalizão bipartidária de 44 secretários de Justiça, por preocupações semelhantes.

No entanto, a companhia se recusou a cancelar totalmente os planos, afirmando que a pausa permitirá que ela incorpore feedback de políticos, pais e defensores da segurança das crianças.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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