Gamers gastam menos, mas continuam engajados

Indústria de jogos eletrônicos sente fim da pandemia, mas está mais preparada do que outros setores

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Julie Jammot
San Francisco | AFP

As empresas de jogos eletrônicos têm que aceitar: a euforia da pandemia acabou. Os jogadores passam menos tempo jogando do que no ano passado. O setor, no entanto, parece mais bem preparado do que outros para enfrentar a atual adversidade econômica.

No início da crise sanitária, "as pessoas correram para a Twitch, tanto streamers quanto espectadores", diz Brandon Willians, conhecido como "BWpaco" na plataforma onde os jogadores transmitem seus jogos ao vivo.

"Mas conversei com algumas pessoas que pararam de transmitir porque estavam exaustas ou porque não era para elas. Ou porque não tinham mais tempo em razão do retorno ao trabalho presencial", diz.

Gamers jogam em competição de Birmingham, na Inglaterra - Oli Scarff - 17.abr.2022/AFP

Em 2020, a plataforma da Amazon chegou a superar uma média de 2 milhões de espectadores conectados ao mesmo tempo pela primeira vez, segundo o site twitchtracker.com.

Embora as visualizações tenham caído após atingir o pico de cerca de 3 milhões em abril de 2021, o número médio de espectadores conectados na época (2,6 milhões) permanece maior do que antes da pandemia.

Acostumadas a um crescimento de dois dígitos, as empresas de jogos desaceleraram, mas continuam com melhor saúde financeira do que muitos grupos de tecnologia que estão demitindo funcionários.

Matt Piscatella, analista do escritório NPD, estima que os gastos totais do consumidor de jogos eletrônicos serão de cerca de US$ 55,5 bilhões (R$ 284,9 bilhões) nos Estados Unidos em 2022: 8,7% a menos que no ano passado.

As vendas da Activision Blizzard, Microsoft e Sony caíram em relação ao ano passado.

Mas a correção após o boom da pandemia era inevitável, segundo analistas, principalmente em um contexto econômico tenso.

"Dificuldades no fornecimento de componentes estão impedindo a produção de novos consoles e foram adiados lançamentos de grandes títulos como Starfield, Suicide Squad e Breath of the Wild 2 até 2023", comenta Steven Bailey, analista da Omdia.

A demora na disponibilização de novos títulos é parte do problema, mas Piscatella espera que seja temporário e que o mercado se estabilize gradativamente em 2023, com retorno "à tendência de longo prazo, ou seja, crescimento constante".

A inflação força os compradores a tomar decisões, observa o analista, mas não a abandonar completamente os jogos.

"Cerca de 76% dos consumidores dos Estados Unidos jogam jogos de todos os tipos e vemos um crescimento contínuo nas assinaturas de serviços como Xbox Game Pass e Playstation+", destaca.

A pandemia favoreceu a adoção de novos costumes, como "cosy gaming" (jogos confortáveis), que enfatizam a cooperação em vez da competição.

Também permitiu que streamers pacientes construíssem uma comunidade de jogadores leais, embora muitos espectadores agora conectem seu canal favorito da Twitch como um rádio, para ouvi-lo em segundo plano.

O streamer BWpaco, com centenas de seguidores, afirma não ter perdido fãs, mas admite que "são menos numerosos a falar na janela de chat".

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