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Por que o Japão declarou guerra a disquetes e CDs

Apesar de pioneiro em inovação, país é conhecido por se apegar a tecnologia ultrapassada nos escritórios

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BBC News Brasil

O ministro de Assuntos Digitais do Japão, Taro Kono, declarou guerra aos disquetes e outras tecnologias obsoletas ainda usadas na administração do país.

Cerca de 1,9 mil procedimentos governamentais ainda exigem que as empresas usem esse tipo de dispositivo de armazenamento, além de CDs e MiniDiscs, disse Kono.

Ele prometeu atualizar os regulamentos para permitir que todos os usuários acessem os serviços online.

Por que o Japão declarou guerra a disquetes e CDs
'Onde você compra um disquete hoje em dia?', questionou o ministro de Assuntos Digitais do Japão - Getty Images via BBC

Apesar de sua imagem como um país pioneiro em aparelhos inovadores de alta tecnologia, o Japão é conhecido por se apegar a tecnologias ultrapassadas em sua cultura de escritório.

Os disquetes foram criados no final da década de 1960 e, mais de três décadas depois, caíram em desuso em favor de soluções de armazenamento de dados mais eficientes.

Seriam necessários mais de 20 mil para replicar o armazenamento de informações de um cartão de memória atual de 32 GB.

Por que o Japão declarou guerra a disquetes e CDs
Disquetes podem armazenar entre 360 ​​e 1.440 KB - Getty Images via BBC

Embora esses dispositivos tenham ficado obsoletos em quase todo o mundo, seu legado ainda permanece vivo, porque inspirou o ícone "salvar", amplamente usado em serviços digitais.

Em uma coletiva de imprensa nesta semana, Kono também criticou o uso de outras tecnologias desatualizadas pelo país. "Estou tentando me livrar da máquina de fax e ainda não consegui", disse.

Quanto aos dispositivos de armazenamento, ele perguntou: "Onde você compra um disquete hoje em dia?".

Um país de contrastes

Esta não é a primeira vez que o Japão é notícia por seus hábitos antiquados, o que é um paradoxo, dada a capacidade do país de desenvolver produtos inovadores e bem-sucedidos.

Por que o Japão declarou guerra a disquetes e CDs
Cerca de 1,9 mil procedimentos governamentais ainda exigem que empresas usem disquetes, CDs e MiniDiscs para armazenar dados - Getty Images via BBC

Várias explicações têm sido oferecidas para esse fenômeno, desde a baixa alfabetização digital até sua cultura burocrática permeada por atitudes conservadoras.

Foi especialmente chocante quando o ministro da Segurança Cibernética do país admitiu em 2018 que nunca havia usado um computador e alegou que sempre delegava todas as tarefas relacionadas a tecnologia da informação à sua equipe.

O último provedor de serviços de "pager" fechou só em 2019, e o último usuário privado desses dispositivos explicou que era o método de comunicação favorito de sua mãe idosa.

Nos Estados Unidos, descobriu-se que os disquetes ainda estavam sendo usados no gerenciamento das forças nucleares do país na década de 2010, embora essa prática tenha sido eliminada antes de 2020.

Este texto foi publicado originalmente aqui.

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