Mastodon, refúgio de insatisfeitos com o Twitter, bate 1 milhão de usuários ativos

Rede social tem onda de inscritos após Elon Musk concluir compra do Twitter

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São Paulo

A aquisição do Twitter por Elon Musk gerou uma nova corrida ao Mastodon, rede social fundada pelo alemão Eugen Rochko.

Nesta segunda-feira (7), o desenvolvedor divulgou que a plataforma atingiu pouco mais de 1 milhão de usuários ativos mensais. São quase 500 mil usuários a mais desde 27 de outubro, segundo Rochko.

Na última onda de inscrições, em abril, a rede conquistou 176 mil novos usuários ativos mensais. No dia 14 daquele mês, Musk iniciou o longo processo de compra do Twitter, finalizado em 27 de outubro —um dia antes da data-limite.

Ícones do Mastodon e do Twitter - Lisi Niesner - 7.nov.2022/Reuters

Os números, porém, estão distantes dos gigantes da tecnologia. O Mastodon tem quase 4,5 milhões de usuários ao todo; o Twitter, segundo a Reuters, tinha 238 milhões de usuários ativos no final de outubro.

A rede social alternativa foi batizada em homenagem ao mastodonte, um animal pré-histórico da família dos mamutes, e não tem fins lucrativos. A plataforma permite a publicação de vídeos, fotos e textos de até 500 caracteres em uma linha do tempo que pode ser visitada por outros usuários, um funcionamento semelhante ao do Twitter.

Desde o início, a compra de Elon Musk foi alvo de críticas —uma delas do próprio criador do Mastodon. Rochko disse que uma das coisas que o motivaram a olhar para mídias descentralizadas em 2016 foi "o boato de que um controverso bilionário poderia comprar o Twitter".

Musk, que se descreve como um absolutista da liberdade de expressão, planeja fechar o capital do Twitter para implementar as mudanças que deseja, o que inclui a revisão das políticas de moderação de conteúdo. A ideia, segundo ele, é fazer da rede a "plataforma da liberdade de expressão em todo o mundo".

O Mastodon, por sua vez, dá mais poder ao usuário e possibilita a criação de comunidades.

Por estar em código aberto, todos podem ver e baixar a "receita" do site, ou seja, as instruções que fazem a rede social ser como é. Além disso, o Mastodon é federado —a plataforma compartilha parte do código com outras redes sociais também federadas, garantindo a interlocução entre elas.

Ao se cadastrar, o usuário deve escolher um servidor, que é o serviço que mantém um site no ar. Seu nome de usuário fica vinculado àquele grupo, chamado de "instância". São espécies de comunidades temáticas (brasileira, LGBT ou liberal, por exemplo) criadas por moderadores que querem abrir um espaço de debate.

Cada instância tem regras próprias. A masto.donte.com.br, por exemplo, uma comunidade brasileira, veta discursos preconceituosos, linguagem violenta, apologia a governos totalitários e desinformação intencional.

O código aberto permite ainda outros tipos de customização das instâncias. Algumas delas bloqueiam o envio de mensagens para usuários de outras instâncias, ou permitem a edição de textos em negrito ou itálico, por exemplo.

Em entrevista à Folha em maio, Renato Cerqueira, fundador da instância brasileira, disse que conheceu o Mastodon em 2017, em uma das crises do Twitter. "Na época, eu estava saindo do Facebook por discordar do tratamento de dados."

Na opinião dele, o fato de ser federada muda a relação do usuário com a rede. A maioria dos servidores são pequenos, o que facilita o trabalho dos coordenadores das instâncias e dá mais agilidade nas respostas.

"A moderação é mais próxima e problemas tendem a ser resolvidos mais rapidamente", afirmou. "Pelo mesmo motivo, é mais fácil isolar servidores problemáticos."

Segundo ele, grupos de extrema-direita, por exemplo, existem, mas são banidos pela maior parte dos servidores da federação e ficam isolados.

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