Alibaba lança rival do ChatGPT em meio a proposta da China para controlar IA

Empresa apresenta seu próprio modelo de inteligência artificial no dia em que Pequim divulga projeto de regulamentação

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AFP e Reuters

O Alibaba, gigante chinesa de comércio eletrônico, apresentou nesta terça-feira (11) seu próprio modelo de IA (inteligência artificial) generativa, tecnologia similar ao ChatGPT, que deve ser integrada a todos os aplicativos da empresa num futuro próximo.

Em demonstração gravada, o modelo de linguagem batizado de Tongyi Qianwen —que significa "verdade de mil perguntas" — redigiu cartas-convite, planejou itinerários de viagem e aconselhou compradores sobre tipos de maquiagem que podem adquirir.

Tongyi Qianwen será inicialmente integrado ao DingTalk, o aplicativo de mensagens corporativas do Alibaba e poderá ser usado para resumir atas de reuniões, escrever e-mails e rascunhar propostas de negócios, além de ser adicionado ao assistente de voz Tmall Genie.

Logotipo da empresa chinesa Alibaba, que desenvolve modelo de inteligência artificial generativa
Alibaba apresenta modelo de inteligência artificial generativa - Aly Song - 10.nov.2020 / Reuters

Segundo o presidente-executivo do Alibaba, Daniel Zhang, a tecnologia trará grandes mudanças na forma como "produzimos, trabalhamos e vivemos nossas vidas".

A unidade de computação em nuvem da gigante chinesa planeja abrir o Tongyi Qianwen aos clientes para que possam construir seus próprios modelos personalizados.

O lançamento, que veio logo após o anúncio de uma série de novos produtos de inteligência artificial pela SenseTime esta semana, foi rapidamente seguido pela publicação de uma proposta de regras p elo regime chinês que versam sobre como os serviços de IA devem ser gerenciados.

A ideia do projeto, divulgado nesta terça, é regulamentar a inteligência artificial generativa. Antes da comercialização, os produtos que utilizam a tecnologia terão de passar por uma "inspeção de segurança", de acordo com a Administração do Ciberespaço da China.

A agência reguladora, que abre o texto para consulta pública antes da aprovação, não diz quando a norma entrará em vigor.

Segundo o projeto, os conteúdos gerados pela IA devem "refletir os valores socialistas fundamentais e não devem apresentar conteúdo relacionado à subversão do poder do Estado". Além disso, não devem conter "propaganda terrorista ou extremista", "ódio étnico" ou "outros conteúdos que possam perturbar a ordem econômica e social".

O objetivo seria garantir o "desenvolvimento saudável e a aplicação padronizada da tecnologia de inteligência artificial generativa", acrescenta a agência.

ChatGPT preocupa China

Pequim está atenta aos avanços do chatbot americano ChatGPT, lançado em novembro e capaz de formular respostas detalhadas em poucos segundos para qualquer tipo de pergunta.

O sistema não está disponível no país, mas o ChatGPT é tema de vários artigos e debates nas redes sociais, ao mesmo tempo que os gigantes de tecnologia chineses competem para desenvolver ferramentas equivalentes.

Imagem mostra logotipo do ChatGPT durante evento sobre inteligência artificial
ChatGPT é uma das preocupações do governo da China, que busca regulamentar uso da inteligência artificial - Lionel Bonaventure / AFP

O Baidu, conhecido por sua ferramenta de busca, foi uma das primeiras empresas chinesas a estabelecer uma presença na IA, seguida por Tencent (internet e jogos eletrônicos) e Alibaba.

O Ernie Bot, apresentado pelo Baidu no mês passado, funciona em mandarim e é voltado exclusivamente para o mercado chinês. No momento está disponível apenas na versão beta.

A China aspira assumir a liderança do setor de inteligência artificial até 2030, o que significa revolucionar vários setores, como a indústria dos automóveis e a medicina.

O principal desafio para os desenvolvedores chineses na corrida pela inteligência artificial é criar um robô conversacional que funcione bem, mas que não avance além do conteúdo permitido.

A China monitora de perto a internet e os meios de comunicação, impondo restrições a conteúdos que criticam a política estatal. Redes sociais também enfrentam um controle severo.

Na vanguarda da regulamentação de novas tecnologias, Pequim pediu no ano passado aos gigantes da internet que revelassem os seus algoritmos, os cérebros de muitos aplicativos e serviços na internet e que costumam ser um segredo bem guardado.

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