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Ex-executivo da Samsung é acusado de furtar tecnologia para recriar fábrica de chips na China

Seis outros são indiciados enquanto Coreia endurece reação ao vazamento de segredos

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Christian Davies Song Jung-a
Seul | Financial Times

Um ex-executivo da Samsung Electronics foi preso e indiciado na Coreia do Sul por supostamente roubar tecnologia da principal fabricante de chips para construir uma fábrica igual na China.

O indiciamento do cidadão coreano de 65 anos, que também foi vice-presidente da fabricante de chips rival coreana SK Hynix, ocorre no momento em que a Coreia do Sul tenta reforçar suas defesas contra uma campanha coordenada de empresas chinesas para adquirir tecnologias de ponta coreanas.

Homem passa atrás de vidro com logo da Samsung em edifício de Seul, na Coreia do Sul
Edifício da Samsung em Seul, na Coreia do Sul - Jung Yeon-je - 6.abr.23/AFP

Segundo um comunicado divulgado pelos promotores coreanos na segunda-feira (12), o ex-vice-presidente da Samsung, que não foi identificado, adquiriu ilegalmente as informações necessárias para construir instalações avançadas de fabricação de chips.

Seu plano, disseram os promotores, era replicar uma fábrica de semicondutores a apenas 1,5 km da fábrica de chips de memória da Samsung em Xi'an, no oeste da China.

"Este não é um simples vazamento de tecnologia de semicondutores, mas uma tentativa de copiar uma fábrica de chips inteira", disse a promotoria do distrito de Suwon em comunicado.

"O escopo do crime e os danos são incomparáveis aos casos individuais anteriores de vazamento de tecnologia", acrescentou o comunicado. "Se a fábrica doméstica fosse copiada e produtos de qualidade semelhante fossem produzidos em massa na China, as perdas seriam irrecuperáveis para a indústria de semicondutores [coreana]."

O ex-executivo contratou cerca de 200 funcionários da Samsung e da SK Hynix para uma empresa que fundou em Chengdu, na província chinesa de Sichuan. Eles foram supostamente encarregados de obter segredos comerciais de seus ex-empregadores, custando à Samsung cerca de US$ 230 milhões (R$ 1,12 bilhões), de acordo com a acusação.

"A Samsung proíbe terminantemente que estranhos entrem em suas fábricas de chips, porque o projeto da fábrica e o layout do equipamento estão intimamente relacionados à produtividade e à qualidade do produto", disse Lee Dong-hwan, ex-investigador do estado que agora trabalha como advogado de patentes na firma de advocacia WeFocus, em Seul.

"Mas, apesar de seus fortes sistemas de segurança, a empresa não tem como evitar vazamentos de tecnologia se um executivo sênior com bom acesso a informações amplas e de alta qualidade as fornecer intencionalmente aos concorrentes chineses", acrescentou.

A Samsung Electronics e a SK Hynix, duas das principais fabricantes de chips de memória do mundo, têm fábricas na China. Suas tecnologias são consideradas pelos especialistas do setor como mais avançadas que as de seus principais concorrentes chineses.

No ano passado, o governo dos Estados Unidos concedeu às empresas coreanas uma anistia de um ano dos controles de exportação que visam reduzir a capacidade chinesa de desenvolver chips de última geração. O Financial Times noticiou no mês passado que Washington tinha sinalizado que prorrogaria a permissão para que elas enviassem ferramentas de fabricação de chips dos EUA para a China por pelo menos mais um ano.

Entre os segredos comerciais que o ex-executivo teria roubado estavam informações relacionadas a como manter impurezas fora das fábricas de chips avançados e plantas baixas e dimensões necessárias para vários processos em tecnologias avançadas de fabricação de chips.

Mas seu plano fracassou depois que ele não conseguiu garantir um investimento de US$ 6,2 bilhões (R$ 30,2 bilhões) supostamente prometido por uma empresa taiwanesa não identificada para uma empresa que ele fundou em Cingapura.

Em vez disso, ele levantou pouco mais de US$ 350 milhões (R$ 1,7 bilhões) de investidores chineses para produzir produtos experimentais em uma fábrica em Chengdu. Segundo os promotores, a construção da fábrica de Chengdu também foi baseada em tecnologia roubada da Samsung.

Seis outras pessoas foram indiciadas na segunda-feira como parte desse caso, incluindo o funcionário de uma subcontratada da Samsung e cinco funcionários da empresa chinesa de fabricação de chips do executivo.

À medida que a competição tecnológica entre os EUA e a China se intensifica, as empresas chinesas redobram esforços para adquirir expertise coreana em tecnologias críticas, de semicondutores a baterias de carros elétricos, e em setores como telas e construção naval.

Em fevereiro, sete pessoas, incluindo ex-funcionários da Semes, subsidiária da Samsung Electronics especializada na produção de equipamentos de limpeza de chips, foram condenadas à prisão por transferir tecnologias roubadas para uma empresa chinesa.

O governo da Coreia do Sul também estabeleceu vários novos órgãos de investigação para combater os vazamentos, aprovou legislação que endurece as punições e facilitou a denúncia de suspeitas de violação.

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