China, EUA, UE e Brasil assinam acordo para trabalho conjunto para segurança de IA

Acordo entre 28 países tem como objetivo supervisionar o uso da inteligência artificial

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Paul Sandle Martin Coulter
Bletchley Park (Inglaterra) | Reuters

A China concordou nesta quarta-feira (1º) em trabalhar com os Estados Unidos, União Europeia e outros países no gerenciamento coletivo dos riscos representados pela inteligência artificial (IA), com o objetivo de traçar um caminho seguro para a tecnologia.

Alguns executivos de empresas de tecnologia e líderes políticos alertaram que o rápido desenvolvimento da IA representa uma ameaça existencial para o mundo se não for controlado, provocando uma corrida de governos e instituições internacionais para a criação de salvaguardas e regulamentações.

Encontro no Reino Unido fecha acordo entre 28 países, incluindo EUA e China, para trabalho conjunto para segurança de inteligência artificial
Encontro no Reino Unido fecha acordo entre 28 países, incluindo EUA e China, para trabalho conjunto para segurança de inteligência artificial - Justin Tallis/AFP

Em uma iniciativa inédita para os esforços ocidentais de gerenciar o desenvolvimento seguro da IA, um vice-ministro chinês juntou-se aos líderes dos EUA e da UE e a presidentes de empresas de tecnologia como Elon Musk, do X (ex-Twitter), e Sam Altman, do ChatGPT, no Bletchley Park, lar dos decifradores de códigos da Segunda Guerra Mundial, no Reino Unido.

Além de China e EUA, o Brasil e mais 25 países assinaram a "Declaração de Bletchley", afirmando que os países precisam trabalhar juntos para estabelecerem uma abordagem comum de supervisão. Brasil e Chile foram os únicos países da América Latina com representantes na cúpula.

A declaração estabeleceu uma agenda dupla, focada na identificação de riscos de preocupação compartilhada e na construção de um entendimento científico sobre eles, além de desenvolver políticas entre países para mitigá-los.

Wu Zhaohui, vice-ministro de ciência e tecnologia da China, disse na sessão de abertura da cúpula de dois dias que Pequim estava pronto para aumentar a colaboração na segurança da IA para ajudar a construir uma "estrutura de governança" internacional.

"Não sei quais são necessariamente as regras justas, mas é preciso começar com a compreensão antes de fazer a supervisão", disse Musk a jornalistas. Ele acrescentou que um "árbitro terceirizado" poderia ser usado para alertar quando surgirem riscos.

Enquanto a União Europeia concentrou a supervisão sobre IA na privacidade e vigilância de dados e seu possível impacto sobre os direitos humanos, a cúpula britânica analisa os chamados riscos existenciais de modelos de uso geral altamente capazes, chamados de "IA de fronteira".

Mustafa Suleyman, cofundador do Google Deepmind, afirmou que não acha que os atuais modelos de fronteira de IA representem quaisquer "danos catastróficos significativos", mas disse que faz sentido planejar com antecedência, à medida que a indústria treina modelos cada vez maiores.

Os EUA deixaram claro na terça-feira (31) que o convite a Pequim veio em grande parte do Reino Unido. A embaixadora britânica, Jane Hartley, disse à Reuters que "este é o convite do Reino Unido, não dos EUA."

A decisão da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, de fazer um discurso em Londres nesta quarta-feira sobre a resposta de seu governo à IA e de realizar algumas reuniões com participantes fora da cúpula, o que significa que os EUA poderiam sair do grupo antecipadamente, também levantou algumas suspeitas.

Mas representantes britânicos negaram, afirmando que o interesse era por se obter o maior número de vozes possível.

Apenas alguns dias depois do presidente dos EUA, Joe Biden, ter assinado uma ordem executiva sobre IA, seu governo usou a cúpula britânica para anunciar que vai lançar um "Instituto de Segurança de IA".

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